As pessoas seriam ainda mais bitoladas se não tivesse sido inventado o bloqueio a MSN, Orkut e afins no trabalho. Algum sociólogo visionário poderia fazer um estudo sério dos efeitos desse bloqueio para a Intelligentsia nacional (quiçá mundial).
No antediluviano 2003, quando estagiário do Sebrae, a falta do que fazer me levou a apelar pra leitura de jornais e foi assim que descobri os textos de Braulio Tavares no Jornal da Paraíba. Braulio publica essas colunas em seu blog, o qual ainda vai ser tombado como patrimônio cultural da humanidade.
Agora mais uma vez me vejo impedido de usar MSN, Orkut e afins e a saída é uma ronda pelos portais, como o R7, criado pela Record/Universal pra ser concorrente-gêmeo do G1. Ali descobri André Forastieri, que, soube depois, já foi da Set, editou a Bizz e atualmente aposta numa revista (de cinema, oh!) chamada Movie.
O primeiro post do cara que li comentava (e elogiava) Retalhos. Forastieri me convenceu não só a seguir lendo-o como a comprar a Graphic Novel - e não me arrependi, apesar de não ser (oficialmente) adolescente.
Em dezembro Papai Noel me trouxe, junto com a Piauí, um texto muito engraçado de André Czernobai, mais conhecido como Cardoso, uma minicelebridade da rede. Adivinha? Aproveitei as horas de ócio aqui no trampo pra fuçar os textos desse jornalista gaúcho até no nome (seu sobrenome se pronuncia "tchêrnobái").
E nessa eu cheguei até Gonzojornalismo: o filho bastardo do New Journalism , segundo seu autor a primeira monografia do país sobre o estilo criado por Hunter Thompson*. O texto é surpreendentemente leve, o que me lembrou algo que minha amiga Elisa falou sobre os trabalhos acadêmicos da Antropologia (a área dela), que, ao contrário da fama, seriam leituras agradáveis.
E é bom ler o trabalho do Capsdoso, principalmente pra quem se interesse por jornalismo e literatura.
Duvidam? Então talvez este trecho abra o apetite:
"A justificativa mais plausível para o uso de drogas no Gonzo Journalism nos remete ao legado deixado por Hunter Thompson, que abusava abertamente de álcool e drogas em grande quantidade e variedade. Logo nas primeiras páginas de Fear and Loathing in Las Vegas, ele descreve todo o material de trabalho que levava no porta-malas do carro:
Nós tínhamos duas bolsas de fumo, setenta e cinco botões de mescalina, cinco cartelas de ácido extremamente potente, um saleiro cheio até a metade de cocaína e toda uma galáxia de multi-coloridos estimulantes, tranquilizantes, gritantes, hilariantes... e também um quarto de tequila, um quarto de rum, uma caixa de Budweiser, cerca de um litro de éter e duas dúzias de nitrito de amila (1971, p.4)"
• Thompson escreveu Fear and Loathing in Las Vegas, que virou filme com Johnny Depp. O Gonzojornalismo é uma faceta do jornalismo literário em que o repórter/escritor se coloca como protagonista e não só como observador/registrador dos eventos. É uma radicalização do Novo Jornalismo. "Maiores informações" na Wikipédia ou comigo.
16.1.10
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