Pesquisar este blog

21.11.09

Tirado da coluna de Xico Sá no Yahoo:

"Se o seu marido fuma, não arrume briga pelo simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros espalhados por toda casa." (Jornal das Moças, 1957).

"Não se deve irritar o homem com ciúmes e dúvidas". (Jornal das Moças,1957)

"O noivado longo é um perigo, mas nunca sugira o matrimônio. ELE é quem decide - sempre!" (Revista Querida, 1953)

"Sempre que o homem sair com os amigos e voltar tarde da noite espere-o linda, cheirosa e dócil." (Jornal das Moças, 1958)

17.11.09

A Realidade me disse "oi"

Quinta passada foi a primeira vez em meses que eu fui à UFPB pela manhã. Foi quando experimentei duas sensações estranhas.

Estou no corredor do CCHLA, próximo à Praça da Alegria, quando sinto alguém bater nas minhas costas.

- Oi.

Era a minha sobrinha Rafaela, fera de Administração. Assim, mais cedo ou mais tarde isso aconteceria, né. Mas é totalmente diferente eu saberque ela passou no vestibular, começou a frequentar as aulas, de vê-la na universidade, com pasta e tudo. Aquela coisa de mundo das idéias e mundo das coisas, sabe? Só então caiu a primeira ficha: já sou tio de uma universitária.

A segunda foi uma decorrência natural da outra: era a Realidade, ali, cutucando minhas costas e avisando: você está ficando velho*.

*E ranzinza demais pra conseguir ver alguma graça em modinhas como Lady Gaga. Mas isso já é outra história.

2.11.09

"Você matou um homem apenas porque ele se desnudou na sua frente?"
"Não, não... Sim, também por isso."
"O que você fez com o corpo?"
"Vesti-o com suas roupas - já me acostumara a vestir gente morta - e ensaiei, como se fôssemos dois bailarinos, o modo de transportá-lo para a rua. Ele era frágil, pequeno, pesava apenas uns cinquenta quilos. Passei seu braço direito em torno do meu pescoço, segurei sua mão direita com minha mão esquerda e enlacei-o fortemente pela cintura com meu braço direito, levantando-o um pouco, de maneira que seus pés mal tocavam o chão. Passeei - na verdade, dancei - com ele dentro do quarto, em frente ao espelho. Eu queria que ele parecesse um bêbado sendo conduzido para casa por um amigo dedicado. Quer que eu te mostre como? Põe o braço aqui."
"Não."
"Esperei algumas horas, até pouco antes da madrugada, uma hora morta nos hotéis, em que a portaria está sempre ocupada por funcionários menos competentes. Saí com Sandro, passei pela portaria dizendo ao porteiro sonolento e desinteressado que meu amigo se excedera na bebida. Deixei-o sentado numa das cadeiras de calçada, presas à mesa por correntes para que não fossem roubadas, de um bar àquela hora fechado. Tirei todo o dinheiro do seu bolso e o relógio de pulso, do qual me livrei ao voltar para Paris."
"E o corpo não foi achado?"
"Foi. Saiu uma notícia pequena nos jornais, dizendo que Sandro Morelli - esse era seu nome completo - tinha uma ficha criminal de prostituição masculina, furto e outras infrações menores. A polícia voltou sua atenção para pistas falsas, suspeitos inocentes. Mais uma vez eu fora salvo pela estupidez da polícia."
"Não sei o que pensar", diz Clotilde. "Você não me parece um assassino reincidente. Mas sinto que é tudo verdade. E me pergunto, serei a próxima?"
"Deixa eu mordeu teu joelho", diz Landers, deitando-se de costas no chão.
Clotilde, inteiramente nua, ajoelha-se sobre Landers de forma a que o tórax do homem fique entre suas pernas abertas. Depois levanta um dos joelhos e encosta-o na boca de Landers. ele morde a rótula de Clotilde, deslocando o osso suavemente. Depois morde o outro joelho.
"Morde primeiro minha clavícula", diz Clotilde, curvando-se sobre ele. "Com mais força. Pobrezinho..."

Romance Negro, Rubem Fonseca