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4.12.13

Ele está de olho neles



O recém saído das rotativas Amálgama (2013), que, diga-se de passagem, marca a estreia em livro de Rubem Fonseca como poeta, aos 88 anos de idade e 50 de carreira literária, traz um poema intitulado Sopa de pedra, que pode ser tomado como uma metonímia do livro – e talvez da obra metaficcional do autor como um todo.

Um escrevia o nome da mulher amada com letras de macarrão
Enquanto a sopa esfriava no prato.
Outro era metade solidão e metade multidão.
Estou de olho neles.
Um andava com a espada sangrenta na mão.
Outro fingia que sentia o que de verdade sentia.
Este dizia que não cabe no poema o preço do feijão.
Estou de olho neles.
Este vê a vida como origem da sua inspiração,
A vida que é comer, defecar e morrer.
Todo poeta é maluco.
Estou de olho neles.
E também tem que ser maluco o pintor
E o músico e o prosador.
A loucura é muito boa
Para todo o criador.
Mesmo para os cozinheiros
Ou qualquer inventor.
Estou de olho neles.
É melhor ser capenga do que cego.
A poesia é uma sopa de pedra.
Cabe tudo dentro dela. 

Metonímia pois, neste poema sobre poesia, que dialoga com Ferreira Gullar e Fernando Pessoa, o eu-lírico reitera uma ideia que perpassa os outros textos (contos e poemas) da coletânea: todo escritor é louco, todo poeta é doente. A reapropriação da História literária pela literatura é uma das marcas da “metaficção historiográfica”, que, segundo Linda Hutcheon, é o que caracteriza o pós-modernismo na ficção. 

Dado o enorme volume de sua obra que dialoga com a História, em especial a literária, Rubem Fonseca confirma (ao menos em relação à sua própria criação) o que diz o narrador do seu romance autobiográfico José: “A melhor inspiração do escritor é sempre encontrada nos livros.” Ele está de olho neles.



15.10.13

Revisitando João Cabral

É impressionante quando algum aluno, limitado para certas tarefas, consegue surpreender em outras, a principio bem mais complexas.

Você pede à aluna para responder uma questão simples sobre Morte e visa severina, e ela me entrega um poema baseado na saga do retirante, que, a despeito da falta de refinamento (não há métrica, evidente), é imaginativo (é curiosa a mudança de foco narrativo na enigmática última estrofe, por exemplo), tem força intuitiva, além de ser uma fofura. Confiram.

Severino da Maria
Em busca de trabalhar
Com uma viagem árdua
Dias e noites a andar
Buscando vida famosa
Sonhando na terra luxar

Enfrentou terra esturricada
Defunto a enterrar
Passando por toda a Caatinga
Nada encontrou para se alimentar
Durante toda a viagem
O que fazia era resmungar

Chegando à cidade grande
Só decepções encontrei
Descobri que aqui na terra
Cada um vale o que tem
Se alguém falar na morte
Eu com a minha sorte
Vivo morto me encontrei

3.10.13

E com vocês... os já tradicionais microcontos produzidos por meu alunos!



“Se as águas do rio falassem, elas teriam muita história pra contar.”

Diane Duarte

“Da janela vi algo estranho. Parecia folhas se abraçando.”
Benilde Souza

“O mar com tanto sal e nós sem tempero.”
Fabiola Ferreira

“Tudo se fez claro para ela na hora em que apagaram as luzes.”
Júlio Muniz

“A vida deveria ser como uma dança: só alegria.”
Suerda Raissa

“Estou em um relacionamento à distância. É que vivemos em épocas diferentes.”
Mariléssia

"Como sou mudo, eu canto para a vida, pois só ela pode me ouvir."
Thiago

"Correu atrás da felicidade e acabou encontrando a realidade."
Claudicélia


Confira mais aqui.



26.8.13

Domingo no Goiamum

Prólogo
Esse menino sempre teve o costume de sair sem avisar. E também de não ligar informando o paradeiro, dizer onde vai dormir. E deixa a gente sem dormir. Mas dessa vez ele foi longe demais. Não tá com a namorada, e ela também não sabe dele. E parece que não quer saber e tem raiva de quem sabe. Dois dias! Dois dias sem notícias do ingrato.
  
Um branco no banco
O dia começou errado já de manhã. Lembro de Rubem Fonseca, tento esquecer o resto. E agora? Só faltava essa. Ônibus errado e sem saber ao certo onde desci. Era de se esperar que algum dia eu fosse pagar por desde menino só sair de carro, sempre lendo alguma coisa, sem prestar atenção na rua. Como assim ter duas linhas com o mesmo nome, mas com números diferentes? 509 e 518. É semioticamente estúpido. E agora estou aqui, longe da BR, perto de só deus sabe.
Ei, e não é que o lugar não é feio? Quem diria que daqui se pode ver o mar? Só ver mesmo. Porque até chegar na praia tem que fazer um arrodeio e tanto, contornando a mata. Mas a vista, grátis e à mão, é espetacular.
Um conjunto habitacional. Muito grande, muitos blocos. Será que consigo entrar? Mole. Quem tem medo de ser roubado onde não se tem nada a perder? Não existe segurança. Ou será que, ao contrário, só aqui é que é seguro? Devaneio. Deve ser o calor. Ou a fome. Ah, se fosse só isso...
É domingo e as pessoas estão em casa. Provavelmente o único dia em que muitos aqui podem aproveitar suas casas, a família, os vizinhos. Não estão vendo TV, nem distraídos com smartphones ou notebooks (por que não têm? Talvez...). Nos espaços entre os blocos de concreto implorando uma demão de tinta, crianças correm sem vigilância, som alto sai dos carros (provavelmente a aparelhagem de som vale mais do que os carros), mas as pessoas não dançam; conversam (gritando), bebem e comem churrasco. Som de domingo. São felizes.
Poucos notam a presença daquele estranho. Devem estar acostumados a ver playboys por ali em busca de droga ou outra distração mais ou menos ilegal.
Deixo o enorme condomínio. Cansado, sento numa calçada. Lembro de Augusto dos Anjos. Assombrado com minha sombra magra, pensava no destino.
À minha frente, no asfalto, noto que há mais de vinte minutos uma policial está sentada no banco do motorista da viatura. Tão entediada quanto eu, porém, pra sua sorte, só entediada mesmo. Penso que quem consome em sua dieta informativa apenas programas de TV sensacionalistas certamente acha que os “homens da lei” devem ser pessoas ultraocupadas, a todo momento livrando os “cidadãos de bem” dos “marginais”. Cadê a violência? Minha cabeça não está boa.
Uma segunda policial entra no banco do passageiro. Eu resolvo entrar no banco de trás. Definitivamente, minha cabeça não está boa. Elas se entreolham.
Hesitação. O intruso inesperado era branco e não estava mal vestido. Pelo menos, não do tipo mal vestido que não tem outra opção.
Daí a policial do banco do passageiro pergunta, num tom sério levemente intimidador, o que eu estava fazendo ali. Disse que dentro do carro parecia mais confortável que na calçada. Considerei que podia descansar na viatura, visto que ela foi comprada com nossos impostos. Ela respondeu, engraçadinho, podia te prender por desacato, e que era bom eu começar a falar sério. Falei que de repente se elas não tivessem nada pra fazer, que tal darmos um rolé? Dessa vez ela riu alto, a do banco do motorista também, que até então se mantinha inexpressiva. A gente vai agora pro posto aqui do bairro, te deixamos lá, disse a do banco do carona. Cuidado na vida, rapaz, se despediu, com um riso simpático, no posto policial do Goiamum. Como era grande aquele bairro! Ter cuidado na vida deu errado pra mim, moça, falo sozinho. Policiais nunca dão uma dentro.

Sigo andando. Estou numa espécie de parque, que me faz lembrar uma taba (como se eu já tivesse visto uma!). Todo aquele verde ao redor, aquelas pessoas alegremente estranhas, sinto vontade de chorar.
Vejo uma igreja tão antiga quanto bonita, apesar de mal cuidada. Creio que o entorno daquele templo barroco não mudou nada desde que ele foi erguido. Preservado pelo abandono. Ao me aproximar, porém, percebo que a igreja não está vazia. Acontece um casamento.
Sempre vivi nesta cidade e nem mesmo sabia que existia esse lugar. O problema sou eu ou o mundo?

Ladeira abaixo
Caminho mais entre aqueles prédios antigos e até esqueço do cansaço. Outras coisas são mais difíceis de não lembrar. Chego perto de uma falésia. Sento e contemplo o céu, que está ainda mais bonito do que em um fim de tarde comum. Penso nas aliterações de “crepúsculo” e “precipício”. Se eu estivesse lá embaixo, com certeza entraria na água. Há quanto tempo não vou à praia? Talvez dê pra descer essa barreira... Dá trabalho, me arranho, mas desço. A maré subiu. Anoiteceu. Me dou conta de que estou vestido, nos bolsos celular e carteira, mas o que lamento mesmo é ela não estar ali comigo pra sentir aquele cheiro quente e ácido de mar.

10.7.13

A religião no Censo 2010

O Rio de Janeiro, onde acontece este mês a Jornada Mundial da Juventude, é o estado menos católico do Brasil (45,8% da população). Já Rondônia é o mais evangélico (33,89%). O Piauí é o mais católico (85,1%) e o menos evangélico (9,7%).

8.6.13

Repassando...

Artigo que gostei deveras. Objetivo e esclarecedor.

NO LABIRINTO DA LINGUAGEM

Publicado em Língua Portuguesa, ano 8, n.º 91, maio de 2013

A linguagem permitiu ao homem a consciência, a memória e a imaginação, mas também deu origem às neuroses

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, dividiu as patologias mentais em dois grupos: as psicoses, de origem orgânica, distorcem o senso de realidade a ponto de levar o paciente a ser classificado como louco; e as neuroses, de natureza emocional, causam transtornos e infelicidade, mas não afetam a percepção da realidade. Segundo Freud, o que causa uma neurose não é o fato em si, mas o modo como o concebemos, a representação mental que fazemos da realidade.
Se a neurose tem a ver com representação simbólica e significação, pode-se dizer que é uma doença decorrente de sermos dotados de linguagem. O que produz o sofrimento emocional é o diálogo interior em que o eu se divide em dois e um deles “envenena” o outro com afirmações e perguntas que geram medo e insegurança.
Objetivamente falando, não há fatos bons ou maus: há fatos. Por isso, alguns, após uma tragédia, caem em desespero; outros “levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima”. Por isso, há pobres e anônimos felizes ao mesmo tempo que celebridades milionárias se afundam no álcool e nas drogas para fugir da realidade. Isso reforça a ideia, surpreendente para muitos, de que não vivemos no mundo real, mas numa realidade virtual criada por nossos próprios símbolos.
Sem dúvida, a linguagem trouxe vantagens ao homem. Afinal, permite a consciência, a memória e a imaginação. E é por isso que produz neuroses: recém-nascidos ou animais não criam as próprias neuroses, podem no máximo ser induzidos a elas.
Um animal confinado ou privado de sono pode desenvolver comportamentos neuróticos (automutilação, atos repetitivos, etc.), mas só o homem é capaz de sentir medo dos próprios pensamentos. Isso não quer dizer que animais não pensem. Eles fazem representações mentais, planejam, sonham, imaginam… Mas sua atividade psíquica, segundo mostram pesquisas científicas, está focada no aqui e agora. Ante ameaças, antecipam mentalmente ações que ainda não realizaram (atacar, fugir, etc.), tomam decisões (por qual lado ir) e aprendem com a experiência, o que equivale a arquivar informações e esquemas cognitivos no cérebro sob a forma de representações simbólicas. Mas é pouco provável que criem mentalmente situações que não existem – os animais não são bons ficcionistas. Menos provável ainda é que acreditem naquilo que imaginaram, confundindo realidade objetiva com representação simbólica. Pois é isso que faz um neurótico.
Embora estejamos falando de uma patologia, no âmbito da saúde mental o limite entre normalidade e distúrbio não é questão de presença ou ausência de sintomas, mas de gradação. Todo mundo tem momentos de melancolia; o que caracteriza a depressão é a frequência e intensidade desse estado de espírito.
O desenvolvimento da linguagem nos permitiu um salto evolutivo em relação às demais espécies porque tornou possível o “pensamento desconectado”. O termo, criado por neurocientistas, indica a capacidade de concebermos mentalmente situações passadas, futuras ou hipotéticas, por mais fantasiosas ou absurdas que sejam – em resumo, desconectadas da realidade efetiva, do aqui e agora.
É o que nos permite fazer abstrações e aplicar a novas situações um esquema abstrato deduzido de outras situações análogas, anteriormente experimentadas. Esse pensamento é chamado What-If Thought (pensamento “e-se…?”). Diante de uma ocorrência qualquer, somos capazes de formular perguntas e hipóteses do tipo: “O que aconteceria se…?”, “E se eu fizesse isso em vez daquilo?”.
Essa habilidade de visualizar prospectivamente o desenrolar de uma situação é o que nos permite criar de projetos de engenharia a romances policiais. Mas, na neurose, o pensamento desconectado formula cenários um pouco diferentes, algo como: “Será que isso vai acontecer? E se acontecer?”. Combinado a uma baixa autoestima, que leva o indivíduo a crer no pior, esse padrão de pensamento supervaloriza a exceção, num misto de fatalismo e pessimismo.
Código artificial
Portanto, há uma distância entre as coisas em si e o significado que damos a elas. Até porque as coisas em si não têm significado; a ideia de que algo significa (isto é, representa, substitui) algo só é concebível por uma cabeça pensante. Só seres complexos como nós são capazes de perceber e, a seguir, conceber o mundo (pedras não veem nem ouvem, muito menos criam representações da realidade). Se nossa percepção já é falha, dadas as limitações da biologia, nossas concepções são ainda piores, já que resultam não só do uso de um sistema de símbolos criados por nós mesmos, mas da interferência de nossas experiências e vivências, o que inclui os valores culturais introjetados em nossa formação sem que tenhamos consciência.
Como diria Platão, vivemos no interior de uma caverna e tudo o que vemos são vultos da realidade exterior projetados na parede. A diferença é que, para ele, habitamos o mundo das coisas, mas a Verdade está no mundo das ideias, ao qual só se chega pelo pensamento. Já para a ciência moderna, vivemos no mundo das ideias – isto é, de signos, linguagem –, e a verdade, inatingível em si, está nas coisas. O que gera a neurose, a alucinação, a loucura é a crença de que os signos são as coisas.

29.5.13

Alguns termos em latim

Best seller = LIBER MAXIME DIVENDITVS

Fã = ADMIRATORES STVDIOSISSIMI

Camelô = VENDITOR CLANDESTINUS

Babá = INFANTÁRIA

Criança mimada = PVER INDVLGENTIA DEPRAVATVS

Paquerar = AMOR LEVIS

Cachorro quente = PASTILLVM BOTELLO FARTVM

Droga = MEDICAMENTVM STVPEFACTIVVM

26.4.13

"Teresa e Luísa riem como duas crianças. Oh, céus, como é difícil a arte poética! Vamos Teresa, a um pagode na Taberna do Sapo e das Três Cobras, cantar e dançar rondós e tarantelas? Como disse Byron, o bretão de alma de fogo, quem escreveria se tivesse coisa melhor para fazer? Ação, ação, isso é que é importante, não escrever, e muito menos rimar, vide a vida monótona dos escritores."


Rubem Fonseca

20.4.13

Daura Santiago Rangel - Microcontos 2013.1

3° EJA A

“Se tivesse esperado mais cinco minutos teria esbarrado com a felicidade”
“Quando acordou, desapareceu de Marte.” 
“O homem: a 11ª praga do Egito.” 
“Vendem-se: coelhos que não são da Páscoa.” 
“Um minuto para o fim do mundo. Uma volta no ponteiro de vida.”
“No escuro me enxergo melhor.” 
“Em um minuto se ganha a vida, em milésimos pode-se perdê-la.” 
“Dentro da sua água salgada existe água doce fluindo.” 
“Tudo que falei dormindo sempre quis dizer de dia.”
“José foi ao mercado com 50 CDs pra vender em seu carrinho. Voltou com 60.” 
“Gostava tanto de ficar sentado que acabou não levantando.” 


3° EJA B
“Era pra ser a cara do pai. Se não fosse o tio...” 
“Vende-se cabelo. Antes que seja tarde.” 
“Minha vida está igual a um livro de matemática: só tem contas e problemas.” 
“Com algumas aulas na autoescola, poderia ter mais umas décadas de vida.” 
“Correu muito. Viveu pouco.” 

Confira as produções de turmas anteriores aqui e aqui.


9.3.13

"O publicitário Caio Monteiro, 22 anos, se sente um prisioneiro do condomínio de classe média onde mora, em Perdizes, zona oeste de São Paulo. 'Quando chego, levo um tempo convencendo os seguranças de que sou morador”, conta. Precisa digitar a senha de seu apartamento para fazer o elevador funcionar; se esquece e aperta só o botão do andar, o que acontece 'pelo menos três vezes por semana', fica preso na cabine até responder satisfatoriamente a um questionário pelo interfone. A última etapa, a leitura biométrica das digitais, às vezes falha. 'O equipamento não lê direito, o alarme dispara e tem que vir alguém ver se eu sou eu mesmo.'"

Leia mais em http://revistatrip.uol.com.br/revista/218/reportagens/o-medo-mora-dentro.html

5.3.13

"As famílias dizem: 'Isso passa!' Não. Os bate-bocas não passam, e repito: - Num casal, os bate-bocas ficam enterrados, na carne e na alma, como sapos de macumba."

Nelson Rodrigues

19.2.13

Segundo o DataBoca, subsistem três locadoras de vídeo em João Pessoa, das quais duas, pelo menos, estão moribundas, se desfazendo de seu espólio.

Estive numa destas, e conversei rapidamente com os donos. Descobri que eles ainda estavam planejando a venda dos DVDs, e fiquei com a sensação que a decisão de encerrar os trabalhos está sendo amarga para aquelas pessoas. "Não dá pra concorrer com a pirataria."

A conclusão é tardia. Até que durou muito, pensei. Dá dó, sim, mas os antigos donos de cinemas "de bairro" devem ter tido a mesma sensação, poucas décadas atrás, quando surgiu o novo negócio que foi o ganha-pão daquela família por mais de vinte anos: as videolocadoras.

Não querer aceitar o fim do hábito de alugar filmes, culpando piratas ou baixadores, é não entender que as relações de consumo mudam. Diziam que o VHS iria acabar com o cinema. Não acabou, as salas apenas foram para os shoppings e o hábito de ver filmes em tela grande ficou um tanto mais elitizado (como tende a ficar ver jogos em estádios). Já os downloads e a pirataria, ao contrário, estão popularizando o acesso à "sétima arte".

Os meios passam, os filmes ficam.