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25.12.07

Julgando que a guerra se decidiria fatalmente a favor de Hitler, Jean deu um jeito de se esconder no Normandie. A partir do momento em que deixasse o porto, o destino do navio seria o seu destino. Nada poderia ser pior do que morrer lambendo botas de nazistas.
O azar e o susto de ser descoberto logo após deixar Marselha foram logo superados pela alegria de constatar que o capitão, ao invés de mandá-lo andar na prancha, lhe arranjaria uma decente acomodação, com a condição de realizar pequenas tarefas que o marujo neófito tiraria de letra.
Martin, um velho e solitário lobo do mar, desses bem comuns na literatura barata, ainda o convidou para jantar em sua cabine. Mais do que os queijos e os vinhos, Jean gostou de saber que o navio iria para a América.
- Brasil?
- Não. Haiti.
- É perto do Brasil?
- Hum... fica um pouco mais ao Norte. Passaremos por Belém. Você pode desembarcar lá, se quiser.
Era muito mais do que o rapaz pedira a Deus: um país sem guerras, ensolarado e ainda a oportunidade de conhecer a Amazônia! Iria conhecer os índios de rabo de macaco! As tribos de descendentes de naúgrafos piratas!..
Como não era besta, Jean logo descobriu como um jovem que concentrava diversos adjetivos, dos cabelos loiros aos olhos azuis, da lábia ao vestir-se impecável, além do simples fato de ser europeu, podia viver confortavelmente da generosidade das balzaquianas locais. Bonitas, feias, magras, gordinhas, solteiras, casadas, viúvas... um detalhe em comum: dinheiro.
Mas aquela vida, acreditem, não satisfazia Jean. Cafés, passeios, teatros e a pequenez de espírito das donzelas provincianas o entediavam profundamente. A rotina era por demais enfadonha para o Indiana Jones francês. Foi aí que começaram as explorações.
Certa vez, Jean caminhou duas semanas dentro da floresta, sobre um mapa imaginário, a ver se descobria uma mulher que vivia com um gorila. Não imaginem o trabalho para convencer o imigrante da ausência de gorilas na Amazônia. Não podia admitir, na fantasia gaulesa, que um vale de gigantes como aquele, um leito de mundos, não abrigasse gorilas...
Não podia ver um arco, uma flecha, um vaso marajoara, sem comprar. Seu quarto de hotel era um museu. Araras, urnas funerárias, bordunas, colares de dentes de onças e até cabeças mumificadas vindas do Peru amazônico.
Com o tempo, acabou por descobrir que tudo era falso. As urnas jamais tinham sido o repositório de um índio morto, mas saíram da indústria de índios muito vivos, num bairro de Belém. Os colares azuis, verdes, amarelos, onde se penduravam caninos de hipotéticos guerreiros autóctones, não passavam de apanhados de dentes de macacos submetidos, em vida, a esse processo extrativo altamente rendoso.
A mais grave decepção de sua aventura verde ele teve ao consultar um índio, nos arredores de Gurupá. Queria saber em que tempo a gaiola fluvial levaria até Belterra. O índio entrou na maloca e saiu de lá com uma espécie de Guia 4 rodas.
- Nessa geringonça - disse o silvícola, num português irrepreensível - o cavalheiro só chega lá depois de amanhã. Se preferir, o distinto pode passar a noite num hotel perto daqui. Amanhã passa um Baby-Clipper da Panair, da qual sou representante, que deixará o senhor em seu destino em 45 minutos.

*Esse texto não seria escrito sem a ajuda do Google e O Cruzeiro

19.12.07

"Uma pessoa que não é educada, quando perde o emprego, vai pedir a Deus pra arranjar trabalho. Uma pessoa que é educada, faz um currículo." Palavras do sociólogo Alberto Carlos Almeida, autor de "A cabeça do brasileiro", que este blogueiro ouviu em uma entrevista com o autor na TV Senado. O livro de Almeida é o mais discutido dos últimos tempos no país. Quase um "Tropa de Elite" literário.
Muita gente não sabe o que é CPMF. Paga e não sabe. Ou nem paga, mas acha que é errado, simplesmente porque é mais um imposto. E se é imposto, não pode ser bom. "Só serve pra encher os bolsos dos políticos mesmo".
É bastante provável que a maioria dos brasileiros não percebam que a mesma oposição que agora bloqueou a prorrogação do tributo foi a mesma que aprovou a sua criação no governo FHC. O mesmo governo que tirou a maior parte da sua arrecadação da saúde, de onde, como queria Adib Jatene, nunca devia ter saído. Agora, mesmo com a promessa, expressa em carta por Lula no dia da votação, de que os 40 bi iriam integralmente para a saúde, tucanos e democratas permaneceram irredutíveis em sua decisão de enterrar a CPMF.
O Datafolha publicou pesquisa nesse mesmo fatídico dia que mostrava um aumento da popularidade do presidente. Com PAC disso e daquilo, crescimento econômico, programas de assistência social, transposição do São Francisco e ainda um plus de 40 bilhões em caixa, seria difícil Lula não eleger seu sucessor. Não é só o lobby de quem queria deixar de pagar a insonegável CPMF: PSDB e PFL vetaram o imposto, sem dúvida alguma, com um olho em 2010.
Mas isso passa despercebido. O tom geral de quem acompanhou essa novela pela TV reproduz a (o)posição demotucana. CPMF é imposto; e imposto é ruim.
Educação é ter consciência pra julgar o que é melhor: acabar com um imposto que eu não pago (ou pago muito pouco) ou um respiro no sistema de saúde pública - esse, sim, a maioria da população usa; enquanto que poucos (mas muito influentes) pagam uma bolada de CPMF.

24.11.07

Pornoufologia na Paraíba

Parece coisa de outro mundo, e é mesmo. O assunto é delicado e de difícil acesso às informações, por motivos óbvios, mas que não deve passar em branco na literatura ufológica, de acordo com Gilberto Melo, fundador do Centro Paraibano de Ufologia e consultor da Revista UFO. Melo realizou uma pesquisa que levou dois anos para ser concluída. "As pessoas envolvidas não queriam que seus nomes fossem expostos em virtude do assunto ser íntimo e pessoal, e jamais deveria ser contado a alguém".
Os nomes foram trocados, evidentemente. E a pesquisa mostra que os extraterrestres não são tão puros e santos como se imagina. Na verdade, esse material serve para que possamos distinguir os aliens negativos dos positivos, uma vez que as análises têm demonstrado que realmente existem os ETs do bem e os do mal. A própria Bíblia relata no livro de Gênesis o interesse dos ETs em manterem relações sexuais com os humanos. Um exemplo está em Gen. 6, 1-4: "…Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas que escolheram … e também depois, quando os filhos de Deus entraram as filhas dos homens, e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na Antiguidade, os varões de fama."

1 - Ao chegar em seu apartamento (no Conjunto dos Bancários), por volta das 22h, teve a sensação de que tinha "algo" dentro de sua residência. Quando se deitou na cama para dormir, viu de relance, pelo canto dos olhos, que um ser alto e comprido com orelhas pontudas como as de um cachorro também havia se deitado. Ao cochilar, já com o quarto escuro, ela foi atacada por esse ser que a estuprou, sem que a mulher nada pudesse fazer, pois ele possuía grande força. Lúcia sentiu quando o ser a penetrava, percebendo todas as emoções pertinentes ao ato sexual, mas não viu ninguém, a não ser aquele "relance" da criatura, segundo afirmou.

2 - Por volta das 18h de uma quinta-feira do mês de agosto de 1987, quando chegava cansada do trabalho, ao abrir sua porta viu um ser muito feio de cabeça grande, com pernas longas e finas e braços compridos que tocavam nos joelhos. Este estava sentado em seu sofá. Assemelhava-se a um gray, porém tinha uma grande barriga redonda que emitia luz.
Ele disse ainda que a acompanhava desde criança, na cidade de Bananeiras (PB). Passou toda a noite transando com ela e saiu quando o dia estava amanhecendo em uma bola de fumaça, que subiu em direção ao céu. Reapareceu em sonho para ela depois de seis meses e nunca mais voltou. Hoje Jací não engravida mais, apesar de os médicos dizerem que ela não tem nada.

3 - Ele se aproximou dela e a hipnotizou. Josefa conta que ele foi tirando sua roupa e ela, imóvel, nada podia fazer, pois não conseguia se mexer, apenas via o que se passava. O ser deitou-a no chão e introduziu nela um pênis que se assemelhava a um cipó de boi, com uns 25 cm de comprimento aproximadamente. "No início gostei, pois ele alisava meu cabelo com carinho. Depois fui me sentindo mal e perdí os sentidos. Só acordei por volta das 19h, com um cachorro vira-latas lambendo meu rosto", conta.


A melhor

Ainda na cidade de João Pessoa, um pescador de nome Ronaldo T. da Silva alegou que um ser de outro planeta o estuprou às 3h da madrugada enquanto dormia em seu barraco em frente ao mar. Silva estava deitado em sua rede quando esse ser que parecia um demônio o agarrou à força. Ele saiu de dentro do mar em um prato grande de cor preta que emitia uma luz violeta. Tinha muita força e disse que era Incubus, o Depravador. Hoje, Ronaldo Silva é evangélico e não quer mais tocar no assunto, acha que tudo aconteceu porque ele havia tomado umas pingas e viu coisas de outro mundo.


*Copiado, com adaptações, deste blog.

31.10.07

Ecoando Umberto

Todo dia, aqui e no Cítricas, desembarcam internautas em busca de material para trabalhos escolares. Depois de putaria, talvez seja a coisa que mais se procure no Google.
Pois bem, hoje eu vou facilitar a sua vida, querido estudante preguiçoso. A lista que se segue é um pequeno manual de redação. A fonte é "Como se faz uma tese", de Umberto Eco. O foco, como o título aponta, são os trabalhos acadêmicos. Mas algumas sugestões valem para textos de outra natureza.

Objetividade: Sempre deixe claro sobre o que ou quem você está falando. Por exemplo, Umberto Eco é italiano, filósofo, teórico da comunicação. Nesta área, escreveu "Apocalípticos e Integrados". Em ficção, é autor do famoso romance "O nome da rosa". Você está escrevendo para a humanidade, e nem toda a raça dos sapiens sapiens tem obrigação de saber quem é Umberto Eco.
Referencialidade: Quando citar o milagre, não deixe de dar o nome do santo. Não diga "O poeta de As Flores do Mal", se antes você não tiver dito o nome do autor. A humanidade não é obrigada a saber quem é Baudelaire. Cuidado com epítetos. Todo mundo sabe quem é "o bom velhinho", mas nem todo mundo reconheceria "o bruxo do Cosme Velho".
Não banque o engraçadinho: As ironias devem ser usadas com cautela. Se for muito sutil, o leitor pode não entender. Se você explicar, pior ainda: o leitor vai achar que você está chamando ele de idiota. E, por vingança, ele vai chamar você de idiota. Quem já viu piada explicada ter graça?
Seja sutil: Cuidado com reticências e exclamações. Se quiser chamar atenção para um ponto, use o seu talento para manipular as informações/conceitos presentes no seu texto, e não apelando pra pontuação.
Impessoalização: Não use "eu", diga "nós". Pro Umbertão, é uma atitude que denota humildade.
Citações desnecessárias: Se a informação for óbvia, não precisa se apoiar em alguém. "Segundo Jesus Martin Barbero, a televisão é um poderoso meio de comunicação em massa". Isso todo mundo sabe. Não use o santo nome de Jesus em vão.

27.10.07

Que Revolução Russa que nada...




Um urinol faz 90 anos

Por Affonso Romano de Sant’Anna

Você sabia que o urinol que Marcel Duchamp mandou para o Salão dos Independentes, em Nova York(1917), está completando 90 anos e foi eleito a obra mais importante que tudo o que se produziu em artes plásticas no século XX?
Você sabia que, na verdade, o urinol de parede, que Duchamp intitulou de "Fonte" e assinou como sendo de R. Mutt, produzido pela J. L. Motta Iron Works Company, nem chegou a ser exibido naquele salão, porque foi censurado e a peça original, relegada, desapareceu.
Você sabia que a obra considerada fundadora da contemporaneidade, portanto, não existiu, foi uma simples idéia e que permaneceu "in absentia" até os anos 1940, quando Duchamp começou a fazer réplicas dela para vários museus, e que, em 1990, a Tate Galery pagou um milhão de libras por uma dessas cópias?
Você sabia que a polêmica fomentada na ocasião pelos jornais de Nova York foi organizada pelo próprio Duchamp, sua amante Beatrice Wood e pelo seu marchand Arensberger?
Você sabia que embora Duchamp dissesse que o urinol era apenas um urinol, um objeto deslocado de suas funções, alguns críticos, como George Dickie, começaram a ver nessa porcelana as mesmas virtudes plásticas das obras de Brancusi?
Você sabia que outros críticos, - já que o urinol havia desaparecido, começaram a ver na fotografia do mesmo feita por Stieglitz uma referência à deusa Vênus, que surgiu das águas?
Você sabia que outros críticos considerando bem a fotografia do urinol concluíram que ali estava projetada a efígie de Nossa Senhora?
Você sabia que a mulher do músico de vanguarda Eduardo Varese sustentava que o urinol era a reprodução da imagem de Buda?
Você sabia que Duchamp, embora dissesse que o artista não deve se repetir, mandou fazer várias réplicas desse urinol para vender para museus, e confeccionou uma caixa portátil com miniaturas de suas obras para vender também para museus e colecionadores?
Você sabia que o homem que dizia que a pintura estava morta era marchand e vendia quadros e esculturas de seu colegas?
Você sabia que em 1993, numa exposição em Nîmes, o artista francês Pierre Pinnocelli se aproximou de um dos urinóis de Duchamp e decidiu se “apropriar” da obra, primeiro urinando nela e dizendo que o fato de ter urinado nela a obra de Duchamp agora lhe pertencia?
Você sabia que depois de ter urinado no urinol, Pinnocelli, pegou um martelo e quebrou a obra de Duchamp com o argumento de que agora a obra era dele, ele havia se “apropriado” conceitualmente dela.
Você sabia que ele foi processado pelo estado francês que lhe exigiu uma hipoteca de 300.000 francos e que a questão deixou de ser estética para ser policial e até o Ministro da Justiça e da Cultura na França tiveram que opinar?
Você sabia que o mesmo Pinnocelli em 2005, obcecado pelo urinol, insistindo que o urinol é de quem "intervém" nele, atacou a marteladas a cópia dessa obra no Beaubourg, em Paris, o que provocou novos problemas com a polícia?
Você sabia que esse urinol comprado originalmente em loja de ferragens, com a assinatura de Duchamp vale hoje US$3.6 milhões?
Você sabia que Sherry Levine mandou fazer uma réplica de bronze dourado do urinol entronizando de vez a obra como uma espécie de Mona Lisa de nossa época?
Você sabia que Duchamp dizia que o nome "Mutt" que botou no urinol, como sendo o do pretenso autor (que era ele mesmo) era uma homenagem aos personagens em quadrinho- Mutt e Jeff?
Você sabia que mesmo assim Jean Clair- considerado o maior crítico francês da atualidade-, prefere entender que “Mutt” remete para uma gíria em inglês significando "imbecil" e que o pseudônimo "R. Mutt" lembra "armut", que em alemão significa "indigência", "penúria"?
Você sabia que Calvin Tomkins - o biógrafo de Duchamp acha que aquele urinol é a imagem que Duchamp tinha da mulher como receptáculo do líquido masculino, em consonância com os futuristas italianos que diziam que a mulher era um "urinol de carne"?

[Cronica publicada no Estado de Minas/ Correio Braziliense]

*Tirado do Cronópios

14.10.07

CAMPINA ENORME

O Museu de Arte Assis Chateaubriand está fazendo quarenta anos. Pra quem não sabe, logo ali em Campina Grande há um acervo com obras de Pedro Américo, Djanira, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, um conhecido Portinari e até uma obra doada pelo governo da antiga União Soviética.
O MACC foi construído por Assis Chateaubriand, paraibano de Umbuzeiro. Chatô foi o responsável pela criação de diversos museus pelo Brasil, entre eles o MASP, em São Paulo, o mais importante do país.
A altitude e a importância da cidade fizeram Chatô fundar ali a TV Borborema, em 1963. A emissora, que ainda existe, é a mais antiga do estado. João Pessoa, a título de comparação, só teria uma TV local 23 anos depois.
São alguns dados que comprovam o papel de destaque que a "Rainha da Borborema" teve no passado, responsável pelo ego quase argentino de seus filhos. Nas últimas duas décadas, a cidade que já foi a 11² mais rica do Brasil viu João Pessoa disparar na liderança da economia paraibana. Hoje já não é dona nem do posto de principal cidade do interior do Nordeste.
Mas, sejamos justos, os campinenes ainda têm do que se jactar. O reconhecimento internacional de sua vocação tecnológica, o megalômano São João de 30 dias... Bem, se eu fosse citar tudo, não caberia num post, mas sim num livro. O maior livro do mundo.

6.10.07

Disk-Beethoven




A TV Senado é uma das melhores opções da TV Aberta. Tem, por exemplo, ótimos documentários; grandes atores, como Almeida Lima; além de contar com os discursos de Mão Santa, o maior comediante deste país.
Já o ex-senador pelo PSDB do Rio, Artur da Távola, apresenta um programa sobre música clássica. Ele é uma espécie de âncora, pois além de introduzir o espectador no espetáculo em questão, faz uns comentários de improviso. Em um deles, elogiou as formas voluptuosas de uma soprano russa. Artur da Távola me ensinou que as grandes sopranos não precisam mais ser corpulentas como as matronas de antigamente, graças a um aperfeiçoamento no ensino da colocação da voz. E a russa era gatinha mesmo.
Outra coisa que me chamou atenção no programa é que de cinco em cinco minutos pulula na tela um número de telefone gratuito (0800 622211) e os dizeres: "Quem tem medo da música clássica?" Isso me inquietava. E eu resolvi ligar, só pra ver que tipo de conversa teria com o(a) telefonista. Juro que não é carência. Mas já pensou se fosse a soprano russa..?
Bem, mas eu liguei e o telefone só fez chamar. Imaginei que o serviço só funcione em horário comercial e já era madrugada. Estaria tudo bem se não fosse por um detalhe: o programa é exibido de madrugada.
Assim fica difícil deixar de temer a música clássica.

2.10.07

Che foi um assassino frio, autoritário, fracassado, irresponsável e que não gostava de tomar banho.
O agente da CIA - um exilado cubano nos EUA - que o capturou na Bolívia só autorizou a sua execução por imposição do povo e do governo daquele país. Antes, porém, indagou ao guerrilheiro se ele queria deixar uma mensagem à família – “diga à minha mulher que case de novo e seja feliz”. E antes, ainda, ouviu Che tentar convencê-lo a prendê-lo ao invés de matá-lo.

Pelo menos é o que diz a Veja.

23.9.07

Da série "Quem não anda de ônibus não conta história" - Episódio de hoje: "Decoração"

Não costumo dar esmolas, mais por liseu do que por conviccção. Mas aquelas palavras manuscritas num pedaço de papel surrado mexeram comigo.

ESTOU LIPEDINDO UMA AJUDA. NÃO IMPORTA AQUANTIA POIS SEI QUE É DECORAÇÃO.

Como diria Mão Santa, atentai bem: não era um desses digitados que a gente costuma receber, sempre como o mesmo texto, ou aquele velho discurso que começa com "Eu podia estar roubando...". Não. Alguém ficou com cãibra no punho para escrever aquelas dezenas de papeizinhos. Além disso, uma pessoa que comete erros de ortografia tão singelos não pode ter maldade no coração..
Dei todos os quarenta centavos que tinha na carteira. A parte difícil foi me segurar pra não rir da cara do coitado...

22.8.07

Dos diversos tipos de indivíduos que detesto destacam-se dois:

1. Os que atribuem tudo de bom que acontece a Deus.
2. Os que atribuem tudo de ruim que acontece aos políticos.

19.8.07

Chato

adj. 1. Liso; sem relevo; 2. maçante; importuno; aborrecido; 3. (fig.) vulgar; rasteiro; 4. s.m. (epiceno) espécie de piolho.

16.8.07


Ontem e hoje tá rolando mais uma eleição pro DCE da UFPB. Abro a carta-programa de uma das três chapas concorrentes e vejo lá:
- Protestar contra a defasagem das bibliotecas (alimentando o cartel das Xerox)
- RU 100% público, gratuito e de qualidade
- Incentivo às atividades desportivas como Dominó, Uno e Truco

É... Quem disse que todas as chapas, todos os anos, são iguais? Agora já há até quem defenda o incentivo à jogatina de baralho..

Imagino Millôr Fernandes comentando o fato: "O melhor movimento estudantil ainda é o dos quadris."

13.8.07

Áspera, rude,
Antipática por esporte.

Por que você é assim?

Evita que as pessoas se aproximem de você.
Gostem de você.

- Mas elas gostam sim
Me diz você.

Então é assim?
Bom pra você.
Ruim para mim.

5.8.07

"Revistas de eletrônica, de guitarra, de teclado, de MP3, de informática. Revistas de corte e costura, de culinária, de moda feminina. Revista de fofocas fonográficas e televisivas. Revista de ginástica e dieta, de "fitness", de ioga, de meditação, de aeróbica. Revistas de economia, de Bolsa de Valores, de microempresas, de administração. Revistas de ciência, de tecnologia, da História da Ciência, de biografias de cientistas e autores de ficção científica. Revistas de interesse geral, de quadrinhos, de sacanagem... E não se avista o fim."

O trecho acima é de um artigo de Braulio Tavares em que ele comenta o crescimento do mercado de revistas e no que isso contribuiria para que o brasileiro lesse menos livros. "O Livro tem que cortar um dobrado para enfrentar um concorrente que ostenta tamanha biodiversidade. Uma pesquisa recente do Ipea mostra que no total de gastos com leitura os brasileiros gastam 68,8% com revistas e jornais, contra 11,2% com livros", diz ele.

Um exemplo é a Viva Mais!  A Viva Mais!  é da Editora Abril, a mesma que publica Veja, Bravo e Piauí. Eu descobri a Viva Mais!  na semana passada, não nas bancas, mas no quarto da minha irmã.

Eis as chamadas de capa do preclaro hebdomadário:

- Remédio para emagrecer fica até 3x mais barato
- 45 mil vagas de emprego! Como se dar bem em telemarketing, a carreira do momento
- Teste Quem é você em Páginas da Vida?
- Agora ter esta barriga é fácil*  - 7 tratamentos e 3 cremes que funcionam mesmo!  - 5 minutos de exercícios deitada já fazem diferença -A sonhada lipoaspiração está cada vez mais barata -Listas de clínicas que parcelam lipo!

* A barriga em questão é a de Deborah Secco.

A Viva Mais! custa R$ 1.49

2.8.07

Deixado o medo e solto os belos rebanhos,
Eia, dês os veredictos às celestes, julgando.
Eia, decidindo a melhor imagem da face,
Esta maçã, amado broto, ofereças à mais luminosa!


"O Rapto de Helena", Colutos

Estava semeada a discórdia. Quem seria mais bela: Afrodite, Atena ou Hera?
- Hermes – disse Zeus – leve essas três até o Monte Ida. Lá você encontrará um pastor chamado Páris e lhe ordenará que ele entregue este pomo de ouro àquela que julgar mais graciosa.
Era pra ser uma disputa limpa. Mas Atena, julgando-se sábia, foi a primeira a tentar subornar o jovem, prometendo-lhe vitórias nas pelejas: “Obedece, guerras e invencibilidade te ensinarei. Aos afliltos varões te porei salvador da cidade.”
Hera não deixou barato: - E é? – e vira-se para o filho de Príamo - Pois, se o broto me deres, de toda a nossa Ásia te porei senhor.
Páris estava grogue. Não acreditava no que seus olhos e ouvidos captavam. Mas abestalhado mesmo ele ficaria com a proposta de Afrodite. Sim, a deusa do amor estava tão certa da vitória que nem deu atenção à plataforma eleitoral de suas rivais. – Estás vendo isso? – pergunta, desnudando o véu e inaugurando o topless – É fichinha perto do que te darei se for tua eleita. Te farei esposo de Helena, a mais formidável pequena de toda a Lacedemônia. Que me dizes?

Mais tarde, na casa do Centauro, na Tessália, por ocasião do casamento de Peleu e Thétis, o pai dos deuses inquire seu mensageiro:
- E aí, quem levou?
- Rá! Ainda pergunta?
- Ih... Isso ainda vai dar merda.
- Ô!
- Mas isso é problema dos troianos. Ganimedes, traz mais uma cumbuca de ambrosia, faz favor!

28.7.07

Eu vi um trecho do depoimento de Lula no Espaço Cultural, essa semana, onde ele falou sobre as ações do PAC (Plano de Aceleração da... Corrupção?) na Paraíba, e, no final, empolgado pelas palmas de centenas de babões no Banguê, ele deixou escapar mais ou menos o seguinte:

"Ainda esse ano a estrada que liga João Pessoa a Campina Grande vai estar pronta e no ano que vem eu volto aqui pra inaugurar as obras do PAC. Se o Tribunal de Contas não atrapalhar, se o Ministério Público não atrapalhar... Porque enquanto tem um querendo construir, tem trinta querendo destruir! Mas eu sou teimoso..."

É nessas horas que eu não tenho dúvidas de que a frustração maior de Lula é não ser Hugo Chávez.

15.7.07

Moram em João Pessoa

Max Weber, Glauber Rocha, Alan Kardec, John Lennon, Agenor, além da dupla Roberto e Erasmo Carlos.

1.7.07

Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.
(Manuel Bandeira)

Recife. ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra
Assombrado com minha sombra magra
Pensava no destino - e tinha medo!
(Augusto dos Anjos)

Ei! Vem cá que eu quero te mostrar
Ei! A minha cidade, o meu lugar
Ei! Recife tem um coração
Ei! Tem muito calor, muita emoção

O povo daqui gosta de cantar
Tem religião, gosta de rezar
Tem cristianismo, tem candomblé
Tem muita cachaça e muita mulher
(Reginaldo Rossi)

Recífilis, a venérea brasileira.
(Popular)

28.6.07

Patos continua a mesma, mas está diferente

Às portas da cidade, o Rivaldão, talvez o único ginásio de esportes do mundo que fica embaixo de uma ponte. A ponte com sua bela vista do Rio Espinharas, meio seco ou meio vazio, a depender dos olhos de quem vê.
Patos está mais urbana. Antigas ruas de terra estão calçadas; as calçadas foram asfaltadas e as que já eram asfaltadas, com asfalto novo. Uma das ruas em que morei está simplesmente irreconhecível. Apenas uma casa lá continuava como no meu tempo.
Assim como seu colega de João Pessoa, o prefeito de lá andou reformando e embelezando as praças. Apesar de mais iluminada, a praça do Cepa continua atraindo casaizinhos, bêbados e gente sem ter o que fazer em geral. A escola que fica ao lado ganhou uma pintura cor-de-rosa de gosto duvidoso.
A cidade ganhou um shopping, acanhado, é verdade, mas que tem café, livraria e cinemas – que fecham aos domingos. Já se vêem outdoors, restaurantes de comida chinesa e arranha-céus que chegam a doze andares.
É o progresso chegando à cidade que este ano perdeu a chance de sediar um curso de medicina na universidade federal, mas em compensação virou a capital estadual do futebol e destino turístico consolidado neste final de junho.

20.5.07

Conectado = estúpido

Você, como eu, já se sentiu particularmente burro e/ ou esquecido enquanto via sites ou falava com alguém no MSN?
Tenham cuidado, pois não é lenda urbana. Deu na Veja:

"Além da produtividade, a capacidade intelectual do profissional viciado em internet está em jogo. Foi o que concluiu um estudo da Universidade de Londres, no qual funcionários testados tiveram redução temporária de até 10 pontos em seu QI, quando sob a distração de e-mails e celulares."

Agora pelo menos você já tem uma desculpa pra dar quando esquecer quem levou o Oscar de melhor figurino ou confundir o Schalke 04 com o Hertha Berlim.

14.5.07

Do inferno ao céu de Suely




No futebol você vai da desolução absoluta à euforia completa em uma semana. Domingo passado, o Botafogo, clube que passei a torcer vendo os jogos pela TV aos 6 anos, perdia o campeonato carioca para o Flamengo num erro do bandeirinha aos 47 minutos do segundo tempo - entre outras circunstâncias emputecedoras.
Pois bem, já na quarta-feira, o mesmo Flamengo caía fora da Libertadores, dessa vez prejudicado pela arbitragem. No futebol, a mão que afaga é a mesma que apedreja.
Na quinta, o Fogão conseguiu eliminar o Atlético-MG e seguir em frente na Copa do Brasil, num jogo dramático até para os padrões do Botafogo. Dessa vez, o alvinegro carioca foi ajudado pela arbitragem. E agora faltam 4 jogos para o título inédito. Nada como um juiz após o outro.

E por falar em ineditismo, o Nacional, clube que eu comecei a torcer vendo os jogos no estádio aos 3 anos de idade, foi campeão paraibano pela primeira vez, sapecando 3 a 0 no Atlético de Cajazeiras. Já o Botafogo ganhou do Inter fora de casa com meio time reserva, pelo campeonato brasileiro. E a derrota do Flamengo em casa por 4 a 2 para o Palmeiras foi a cereja do bolo.

Sim, eu sei que o leitor médio deste blog não gosta de futebol. Mas é que depois que Ailton matou "a pelada", fiquei órfão de um espaço para escrever sobre o esporte bretão. E eu precisava desabafar. Mal aê.

Vou aproveitar e falar de um assunto mais democrático. Ontem terminou o Cineport. Como eu queria sair e não tinha outra opção, fui rever "O Céu de Suely". Prestei mais atenção no tal conceito de "fotografia de luz de poste" de Walter Carvalho. Puta que pariu, como um cara consegue fazer coisas tão diferentes como "O Céu de Suely" e O veneno da madrugada"?
Bem, mas a verdade é que dessa vez o filme mexeu comigo mais do que da primeira. E quando um filme não só resiste a uma segunda avaliação, como ainda melhora, é bom sinal.

20.4.07

Nessa parte de Nova Orleans sempre se está próximo de uma esquina e sempre se ouve, algumas portas abaixo, na rua, o som de estanho de um piano tocado com a apaixonada fluência de dedos escuros. Esse piano toca blues e expressa o espírito da vida que se leva nesse lugar.

Há qualquer coisa em relação às suas maneiras e em relação às suas roupas claras que lembram uma mariposa.

STANLEY: Eu não me incomodo com essas bobagens.
BLANCHE: Que bobagens?
STANLEY: Elogios. Mulheres. Nunca encontrei uma mulher que não soubesse se era bonita ou não, sem precisar que lhe dissessem, e algumas delas julgam-se mais do que realmente são. Uma vez, saí com uma que costumava dizer: "Eu sou o tipo glamour". E eu respondi: "E daí?"
BLANCHE: E o que foi que ela lhe disse?
STANLEY: Não disse nada. Se fechou como uma ostra.
BLANCHE: E acabou o romance?
STANLEY: Acabou a conversa - apenas isso. Alguns homens são apanhados por esse negócio de fascinação de Hollywood, e outros não.

BLANCHE: O senhor é simples, direto e honesto, pendendo um pouquinho para o lado primitivo. Para interessá-lo uma mulher teria de... (Faz uma pausa, com um gesto indefinido).
STANLEY: Pôr as cartas na mesa.

BLANCHE: Pois bem, cartas na mesa. Isso me convém. (Volta-se para Stanley) Eu sei que minto muito. Afinal, o encanto de uma mulher é cinqüenta por cento ilusão.

17.4.07

Baseado em fatos reais

- Qual é a história do teu filme mesmo?
- Trata-se da trajetória de um pobre demônio que é maltratado pelo chefe escroto e traído pela mulher.
- Hum. E tu também atua, né?
- Então, descobri que eu sou ator. Não é nem que eu queira. Eu sou e pronto, entende?
- Entendo. E você é o pobre demônio?
- Não. Eu pego a mulher gostosa dele.
- Ah. E já terminou de filmar?
- Não. Tive que parar. Não soube, não?
- O quê?
- Foi no meio de uma cena. Fui sair do carro, enganchei a perna no cinto de segurança e caí de mau jeito. Quebrei o braço.
- Pô, que chato, hein?
- Mas tem nada não. Vou retomar as gravações e terminar o vídeo e ganhar essas porras desses festivais tudinho aí. Pelo que tenho visto, ninguém tem chance contra mim.

14.4.07

Quando Romário nasceu Deus apontou pra ele e disse: "No Botafogo não, mané!"

3.4.07

O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores depois dos porcos na prioridade de escolha dos alimentos é o fato de eles não terem dinheiro nem dono.
O ser humano se distingue dos outros animais pelo telencéfalo altamante desenvolvido, pelo polegar opositor e por ser livre.
Livre é o estado de quem tem liberdade.
Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta
e não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda.

E não há vez que eu veja esse final de Ilha das Flores que eu não me arrepie todinho...

31.3.07

De três

Num canto escondido da página de esportes saiu uma notinha:

Vera Cruz na final do basquete


O Vera Cruz está na final do campeonato estadual amador de basquete. O curioso é que o time não teve que fazer uma única cesta para conseguir o feito. O adversário, Independência, não tinha cinco jogadores na quadra na hora marcada para o início do jogo, que deveria ter sido às 21h de ontem. O juiz ainda esperou por 15 minutos e após esse prazo declarou o Vera Cruz vencedor por W.O. O técnico do Independência, Aderbal Martins, não quis falar com a reportagem e deixou o ginásio bastante nervoso.

No dia seguinte, Ana Letícia viu que tinha mensagem nova no celular:

to morta n vou trabalhar hj de manha não eu n disse q ele fazia td q eu keria? teve calcinha voando pela janela e tudo
p.s. ha muito mais posições entre o ceu e a terra do q sonha o kama sutra
Evelyne

- O negão passou mal depois da janta e Marcão ainda não voltou do interior. Hoje ninguém pode se machucar. Fazer cinco faltas, então, nem fodendo. Só tem vocês cinco!
Faltavam vinte minutos pro jogo. Mateus, apelidado pelos colegas de “Meteus”, já ia desligar o celular pra não ser incomodado quando chegou um SMS:

kero fazer hj! mas tem q ser agora!
Evelyne

se eu n jogar hj nao tem jogo e o time se fode mais tarde eu passo aih agu

Antes de Mateus terminar de digitar a resposta, chega outro torpedo de Evelyne:

Se não for com vc vai ser com outro

Aderbal diz que é hora de entrar em quadra pro aquecimento e qual não foi a surpresa do treinador quando percebeu que seu cestinha havia tirado o uniforme do glorioso Independência.
Mateus, seco, sem nem olhar pra cara de Aderbal: - Apareceu uma emergência aí.
- Você sabe o que acontece se você não jogar, seu irr
- Ah, vai se foder, Debby, vai se foder.

Uma velhinha com pinta de mendiga viu quando aquele pedaço de pano voador caiu na cesta de lixo no meio da calçada.
- Mas tá novinha! Dá pra usar...
Mas, pra sua infelicaidade, um molecote que passava de bicicleta também presenciou o evento e não contou conversa.
- Me dê isso pra cá, eu vi primeiro!

Evelyne levou trinta segundos pra gozar. 
Na primeira, claro.

20.3.07

Ausência de azar é necessariamente sorte?
Ausência de sorte é necessariamente azar?

Deveria existir uma palavra pra designar o meio-termo entre sorte e azar?

15.3.07

Copiando uma idéia de Lucíola, e aproveitando que não tenho lá muito assunto, vou postar algumas palavras-chaves pelas quais, só nos últimos três dias, internautas incautos acabaram caindo neste recatado blog.
Vocês sabem que com um contador chamado Extreme Tracking dá pra se ter informações sobre todos os que visitam seu site, do sistema operacional à cidade da figura, além do caminho que ela percorreu até chegar no seu blog, não sabem? Pois sim.

Sem mais delongas:

"EU QUERO APREDER ALGUNS APELIDOS CARINHOSOS"
"foto ginoide"
"GINÓIDE solução
"Boquete salvador 2007"
"MULHERES INDEPENDENTES traem?"
"MUITO MACHO"
"saites de videos terroristas"
"realdoll fotos"
"exemplos brincadeiras corpo Aprender portugues"
"FOTO DO MAIOR PEITO SILICONADO DO BRASIL"
"o que a angelina gosta na cama"


E vejam só: eu disse apenas nos últimos três dias!

12.3.07

Da série: "Histórias Extraordinárias de Paradas de Ônibus"

Tá, não é novidade que este blog nunca foi de acolher relatórios do que acontece na minha vida. Nada contra quem o faz, mas simplesmente porque acho que a minha vida não tem graça nenhuma. Ou pelo menos eu não vejo graça. Então prefiro falar de outras coisas.
Mas aconteceu uma coisa que me obriga a fugir à regra. Se o que eu vou contar a vocês não merecer virar post, eu não sei mais o que merece virar post. Aí vai.

Ontem fez uma semana. Estava eu naquela parada ali no começo da Epitácio. Meia noite. Chovendo.
De repente vejo uma mulher a uns 20 metros de onde eu tô, se abaixando. Na chuva. A princípio não dou importância. Acho que ela está ajeitando o sapato ou coisa assim. Mas depois eu percebo que ela tá é colecionando piolas de cigarro atiradas no chão.
Na chuva.
Estranho?
Vocês não viram nada.

A mulher vem em minha direção. Percebo que ela tá de olhos fechados. Ela pára a uns 4 metros de onde estou e começa a fazer um movimento circular com os braços. Tipo uma prece. E os olhos fechados. Na chuva.
As piolas de cigarro na mão.

Agora ela está na minha frente. Abre os olhos. Abre também a mão e me mostra as piolas como esperando que eu dissesse alguma coisa.
Eu tinha duas alternativas: me fazer de doido ou me fazer de mudo.
Opto pela segunda. Mas pensam que acaba aí?

- Eu venci. Você também vai vencer!
Ela diz isso e depois me dá um abraço.
Sim, ela me deu um abraço.
E logo em seguida o que eu vejo?

O ônibus.
E com ele a melhor parte.

Eu finalmente sou obrigado a dizer alguma coisa.
- É o meu ônibus!
E ela tenta me segurar e começa a gritar:
- Não! É o João Agripino! É o João Agripino!
- Não! É esse mesmo, eu vou pro Bancários...

Finalmente eu consigo me livrar dela e subo no 2515 salvador. Lá de dentro, ainda escuto ela gritar: "Cumpri minha missão!"

Não acreditava em bruxas, mas que elas existem, existem.

P.S. Coincidência ou não, foi nessa noite que rolou o tal eclipse lunar.

8.2.07

O lado B d'A conquista da honra

Você achou que aquele monte de navios apontando pra Iwo Jima era um exagero pra causar impacto? Camarada, aí vão os dados: em 19 de fevereiro de 1945 (último ano da segunda guerra), nada menos que 880 navios americanos despejaram 110 mil fuzileiros navais na ilha japonesa. Na resistência, 22 mil japoneses. Eu estou falando de 110 mil marines contra 22 mil nipônicos. E a brincadeira ainda durou 35 dias. Tudo isso numa ilha minúscula, importante estrategicamente por abrigar duas pistas de vôo de onde partiam caças do imperador.
Sem mais delongas, o saldo da história: 6891 americanos mortos (embora o filme faça parecer mais, não?). O número de feridos já é um pouco mais significativo: 18 070. Japoneses? Sobraram 212 vivos. Isso mesmo: só 1% dos que defenderam Iwo Jima ficou vivo pra contar a história.
Por falar em contar história, o filme que é vendido como "a visão japonesa da batalha", Cartas de Iwo Jima, a estrear este mês, é baseado na correspondência que o general responsável pela defesa da ilha, Tadamichi Kuribayashi, mantinha com sua família. Um desses relatos: "A batalha está chegando ao fim. Ante a coragem dos oficiais e homens sob meu comando, até os deuses chorariam diante de tanta bravura".
Já "A conquista", como vocês devem saber, é baseado no livro escrito pelo filho de John "Doc" Bradley, um dos três "heróis" da famoso foto (e do filme). O nome do livro (e do filme) é "Flags of our fathers". A versão brasileira acompanha o nome que a película ganhou nos países latinos: "La conquista del honor".O escritor vira personagem e narrador no filme. E suas aparições fazendo entrevistas me lembraram o personagem de Dráuzio Varela em Carandiru, vivido por Luiz Carlos Vasconcelos.

Mais no Cítricas

4.2.07

The rotten lady

O pequeno Charlie foi nada menos que o 12º filho de Mary Ann Cotton a morrer de uma suposta “febre hepática”. O marido e sua mãe também haviam padecido, supostamente, do mesmo mal. A insólita história atraiu a curiosidade da cética Scotland Yard. “Nesse mato tem coelho”.
A exumação do corpo de um dos infelizes garotos pôs fim ao mistério: arsênico. Daí para a confissão foi um pulo: “Matei todos para ganhar o seguro-enterro dado pela coroa. Ganha-se um bom dinheiro desse jeito. Eu sou uma pobre mulher e não tenho como me sustentar”, justificou-se Mary Ann com ar cínico.
A “dama podre”, como os tablóides britânicos se referiam à Mary Ann, foi enforcada em 1873, aos 41 anos.

E uma história minha virou quadrinho, quem diria? Nepotismo rules.

25.1.07

A Pedra do Reino que vocês não vão ver na Globo

Vocês já devem estar sabendo da minissérie “A Pedra do Reino”, que o diretor de TV (Hoje é dia de Maria) e cinema (Lavoura Arcaica) Luiz Fernando Carvalho gravou em Taperoá, e que será exibida na Globo no meio do ano. Vocês também devem saber que se trata de uma adaptação da obra homônima de Ariano Suassuna, lançada em 1971 e relançada há pouco pela José Olympio.
O romance mistura elementos das culturas ibérica e nordestina com fatos da Revolução de 30. João Suassuna foi o último presidente da província antes de João Pessoa, que representava outro grupo político. No calor que sucedeu a morte de João Pessoa, o pai do escritor acabou sendo assassinado, quando Ariano tinha apenas três anos. Ariano nunca esqueceu o fato. Tanto que, dizem os chegados, até hoje ele evita tocar no assunto. Alguns críticos dizem que escrever a Pedra do Reino foi uma vingança contra o grupo que promoveu a morte de seu pai.
O que provavelmente vocês não conhecem é a verdadeira história da tal Pedra do Reino, uma sangrenta seita sebastianista. A carnificina, que vocês já vão conhecer melhor, inspirou também o romance Pedra Bonita, de Zé Lins.

Num acampamento em pleno sertão pernambucano, 17 homens, de repente, sacam seus facões. Com eles, executam mulheres, crianças e velhos. Outros, num estado de descontrole, seguem o exemplo. Assassinam seus próprios pais, filhos e esposas. Usam o sangue para lambuzar duas torres de pedra, marcos do acampamento. As mesmas pedras servem para quebrar o crânio de crianças. Mais de 200 pessoas são mortas.
É 14 de maio de 1838.
A história da Pedra do Reino começa dois anos antes da chacina, em Vila Bela, comarca de Serra Talhada - a mesma Serra Talhada que deu Lampião ao mundo. Um dia, um rapaz de nome João Antônio Vieira dos Santos afirmou que dom Sebastião habitava um reino encantado perto de um local conhecido como Pedra Bonita. Em suas pregações, angariou dinheiro dos seguidores e montou um acampamento no tal lugar. O Primeiro Reinado da Pedra Bonita, como ficou conhecido, foi marcado por discursos fanáticos e idéias contra o poder e a propriedade privada. As autoridades não gostaram e botaram João Antônio e companhia pra correr.
Dois anos depois, outro homem, João Ferreira, que dizia ter visões de dom Sebastião, assumiu o lugar de João Antônio e continuou a arregimentar pessoas para seu acampamento.
O segundo reinado da Pedra Bonita teve mais de 300 moradores. A vida nele era um tanto bizarra. Os habitantes passavam o dia embriagados e fumavam uma certa erva alucinógena para “entrar” no reino de dom Sebastião. A matança ocorreu pouco após João Ferreira anunciar que, numa visão de dom Sebastião, este afirmava que o sangue dos seguidores o traria de volta. A polícia soube do ocorrido e mandou 60 homens a Pedra Bonita. Houve um enfrentamento entre eles e os seguidores – e mais 22 mortes. O criador da seita João Antônio, acabou morto.

O Sebastianismo é um movimento místico português iniciado no século 16, que pregava que o rei Sebastião, morto numa batalha, voltaria para ocupar o trono. No Brasil, essa idéia foi incorporada no sertão nordestino e inspirou movimentos como o de Canudos.

21.1.07

Na última quarta assisti na TVE o documentário “Mandinga em Manhattan – Como a capoeira conquistou o mundo”, representante da Bahia no projeto Doc TV. Este se trata de uma parceria das TVs educativas com produtores independentes, financiado pelo Ministério da Cultura, que promove a realização de documentários em todos os estados do Brasil.
O documentário dos baianos explora as controvérsias sobre o surgimento da capoeira, a cisão que resultou nos estilos angola e regional, conta a história de mestres lendários como Bimba e Pastinha etc.
Na minha opinião, eles exageram um pouco no bairrismo e dão uma idéia de que a capoeira nasceu (só) na Bahia e de lá se espalhou pro Brasil e pro mundo. Para o historiador Carlos Eugênio Líbano Soares, o Rio de Janeiro também merece ser considerado um dos berços da luta. Soares analisou documentos do século XIX para escrever “A capoeira escrava e outras tradições rebeldes no Rio de Janeiro (1808-1850)”.
O período não foi escolhido por acaso. Em 1808 o Rio recebeu a família real lusa com sua comitiva de mais de 15 mil pessoas. Essa elite temia que aqui ocorresse uma revolta de escravos como a do Haiti, em 1791. Daí os capoeiristas terem sido duramente reprimidos.
Mas qual o motivo de os baianos requererem a capoeira como sua? Tudo indica que o fato de Salvador não ser o centro do poder contribuiu para que lá a repressão tenha sido mais branda, e por isso a capoeira pôde ser levada à frente com algum fôlego. Maurício Barros de Castro, que fez a reportagem “Mestres da roda”, para a National Geographic (junho de 2006), não me deixa mentir: “A repressão no Rio de Janeiro desterrou a maioria deles para a prisão em Fernando de Noronha. Na Bahia, contudo, a lei não foi levada com tanta consideração”.
A capoeira só deixou de ser crime em 1937, na onda do nacionalismo populista de Vargas. No mesmo ano, Bimba fundou em Salvador o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional. Aí sim, ninguém mais segurou a capoeira.
O foco de “Mandinga em Manhattan” está na internacionalização da dança e no seu caráter diplomático. Mestre João Grande está há 40 anos em Nova Iorque e não fala inglês. Seus mais de 200 alunos primeiro precisam aprender português pra depois poderem lutar e cantar. Não são poucos os entrevistados estrangeiros que falam em português fluente. Muitos quiseram conhecer o Brasil depois que entraram na roda.
Legal. Mas enquanto via o programa e como a capoeira vem sendo exportada, também fiquei refletindo o quanto ela está sem prestígio, um tanto fora de moda, aqui dentro.
Ao mesmo tempo em que exportamos cultura, importamos muito mais. Vide o Hip Hop, que da noite para o dia virou a “legítima forma de expressão da periferia”. Isso me incomoda. É como se antes do Rap não existisse cultura negra no Brasil. Uma das coisas que eu não gosto em Diamante de Sangue (e não são poucas) é que os guerrilheiros sempre escutam Rap americano enquanto usam drogas e mutilam inocentes. Esse pessoal acha que todos os negros do mundo gostam de Rap. Podem até não saber disso ainda, mas gostam. Me lembra aquela época em que a indústria cultural fez todo mundo acreditar que só era jovem quem gostasse de rock.
O samba desceu do morro e parece que pra lá não volta mais, o funk é alienado, D2 se vendeu e só sobrou MV Bill e seus asseclas com cara de mau. Os que defendem o Rap engajado fazem questão de se diferenciar dos colegas americanos que aparecem na MTV falando sobre carrões e mulheres. Essa galera acredita realmente que as letras das músicas e os grafites de protesto vão melhorar a sociedade. Sou mais a malemolência de D2 ou as letras bem-humoradas e inteligentes do injustiçado Gabriel O Pensador do que essa cambada de chatos.
O negócio é que esse pessoal é muito bom de marketing. O grafite ganhou as grifes e tá até na abertura de Malhação. Não que eu não goste de tudo na cultura Hip Hop. Beat Box é legal, por exemplo. Também há grafiteiros que são artistas de mão cheia, como Os Gêmeos, paulistanos conhecidos internacionalmente e cujas obras de engajadas não têm nada. O que me deixa cabreiro é a monocultura do Hip Hop e do caráter de salvador de pátria do qual ele vem gozando. Uma coisa é deixar de ser tachado de coisa de bandido, O.K., outra coisa é virar a salvação da humanidade. Talvez os americanos desencanados é que estejam certos. “Mudar o mundo? Eu quero é beber champanhe e andar com umas gostosas na minha limusine”.
Enquanto os gringos se encantam com a capoeira, aqui ela anda esquecida. Já um negócio sem graça como break, tem um monte de gente fazendo. Sei não. Só pode ter gente ganhando dinheiro com isso.

17.1.07

10. Chego em casa e minha mãe:
- Ligou uma moça pra você.
- Quem era?
- Ruth. Ou coisa assim.
- Ruth?! Não conheço nenhuma Ruth.
- Disse que estudou com você.
- Ah, então não seria Dina?
- Isso!

9. Um dia desses perguntou se eu não tava notando nada de diferente nela. Mencionei o cabelo, sem titubear. Ela abriu o maior sorriso, toda orgulhosa da minha prova de atenção. Daí eu, crente que tinha me dado bem, dou-lhe um abraço e falo: “Sempre achei que você ficava melhor de cabelo curto, amor”. Pra que fui dizer isso? Ela não tinha cortado o cabelo; tinha pintado. Só por causa disso ficou uma semana de mal. Chorou e tudo. Mas já viu mulher precisar de motivo pra chorar?

8. - É a segunda vez em três minutos que você olha a hora.
- Eu tava marcando quando tempo você passava sem reclamar de alguma coisa.

7. Desisto. Mulher não presta. Vou à China em busca das tais mulheres boas. Depois, viro gay pra ver se dou (ênfase no dou) mais sorte.

6. - Temos incompatibilidade de gênios. Nunca daria certo. Melhor abandonar o barco enquanto ele ainda está perto da praia - lamentou Laranja.
- Precisamos arranjar uma namorada pra você - sentenciou o solidário Nótlia. Olhe ao seu redor e veja quem lhe interessa. Com minhas orientações, você não vai ficar na mão. Está vendo aquela ruiva? A hora é agora. Vá lá e comente algo sobre o preto de suas vestes contrastando com a extrema brancura da sua pele.

5. Bruno Ricardo?! Nunca ouvi você me chamando de Bruno Ricardo. As pessoas costumam chamar as outras pessoas pelo nome completo quando estão chateadas. Você já notou isso? Que as pessoas chamam as outras pelo nome completo quando estão chateadas? É exatamente o contrário de quando elas querem agradar a outra pessoa ou se desculpar por alguma coisa errada, aí elas usam apelidos carinhosos, não é, Juju?

4. A moça vestia um jeans justíssimo de cintura mais-que-baixa. Mas a maior atração era o top. Top de linha. Tratava-se de uma blusa que, como diz a música de Gonzagão, começa muito tarde e termina muito cedo. Era esse pedacinho de pano que deveria cobrir aquele farto par de seios. Deveria.
- Com todo o respeito, moça, mas seu peito tá pra fora.
- Ops! Obrigada.
- É muito bonito, carnudo...
- Brigada. São naturais.
- Não, eu estou falando do mamilo. Peito tanto faz se é pequeno, grande, caído, siliconado. Meu negócio são mamilos.
- Eu, hein! Você é um tarado muito esquisito!

3. Finalmente resolveu atropelar o orgulho e ligou.
- Você sumiu. Parece se importar com tudo, dar atenção a todos. Mas pra mim não liga, não escreve...
- ...
Reticências. Só ouvia reticências. Até que:
- Você não acha que eu estava ocupada demais pra falar com você, não?

2. - Tudo bem?
- :P
- Como foi a festa?
- \,,/
- Soube q você não ficou com ninguém.
- :~

Tradução:

- Tudo bem?
- Beleza.
- Como foi a festa?
- Bombou.
- Soube q você não ficou com ninguém.
- Snif.

1. - Mas foi só beijinho ou...
- Barba, cabelo e bigode.
- E aí, como ela é?
- O que você pensa que eu sou? Não se sai espalhando por aí a intimidade de um casal.
- Tá bom. Não tá mais aqui quem perguntou.
- Paga um boquete inacreditável. Só vendo.

Feliz blog novo.