etílico
a vida é dose!
de gole
em gole
- com um olho
cheio
de rum
e o outro
sem rumo -,
o mundo é um porre!
domiciliares
a) bêbado, cadarços são rédeas
que me põem os sapatos.
bêbado, não chego.
bêbado, os sapatos
me entregam a domicílio.
geração 60
a carta branca do montilla
não era de alforria.
o papagaio era calado.
o cuba-livre nos prendia.
e em barris de carvalho
o tempo envilecia.
à companhia de água e esgotos
o hidrômetro
registra
um pingo
de minha vida
sob o chuveiro.
(no fim do mês,
engulo em seco:
taxam-me o dilúvio inteiro!)
noturnos
c) nenhuma ovelha
pula a cerca
de minha insônia.
abato a todas.
e quanto à lã
serve de enchimento
para o travesseiro.
serve
- a cada manhã –
para travestir-me
de cordeiro.
papel de jornal
no papel de jornal
cabe o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
no papel de jornal
transporto o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de provocar engulhos.
no papel de jornal
cabe todo o presente.
o presente
e o seu papel
de sonegar futuro.
19.8.10
4.8.10
(auto)escola da vida
Ontem reprovei pela segunda vez na prova do Detran. O capítulo mais recente da novela que já dura 6 meses e 600 reais.
Mas vamos voltar um pouco. Durante as aulas práticas, achei a coisa toda de dirigir muito complicada, chata, estressante. Desânimo total. A sensação era de que, dirigir, só se for o jeito. Também não gostei do instrutor, que, apesar de mineiro, é impaciente. Paciente fui eu que não o "demiti". Enfim. Mas nunca pensei em desistir de tirar a carteira. Paguei, né?
Penando, consegui aprender a fazer meia-embreagem, baliza e garagem. Na pista de treino da autoescola era menos ruim que no trânsito, já que não havia... trânsito, a não ser de outros carros da própria autoescola, e o instrutor aporrinhava menos.
Na hora da prova, eu, Mr. Freeze, tremi. Deixei o carro morrer e bati na baliza, de ré, coisa que não havia feito nem durante as aulas...
Porém, de umas cinco ou seis pessoas que pude acompanhar fazendo a prova no mesmo dia, só um cara conseguiu passar, e era a segunda vez dele. Menos mal, pensei...
Aí vou pro reteste mais confiante. Antes, o instrutor deixou que eu praticasse um pouco sem precisar pagar outra aula, mesmo assim ainda reclamou que demorei muito e não explicou direito o que eu estava fazendo de errado, o puto.
Estava bem mais calmo que da outra vez. Não deixei o carro morrer, mas em compensação trombei com a baliza de frente, tentando alinhar o carro. Bizarro.
Porém observei algumas coisas.
1. Curva da morte - Nas minhas duas tentativas, me mandaram pra mesma baliza, que todos apelidam de "da morte". Eu não entendia por quê, até constatar que ela é a única em que a gente precisa fazer uma curva antes. Nas outras, você segue reto e basta alinhar. E isso parece besteira para motoristas experientes, mas é um fator de dificuldade extra, por precisar fazer a curva e ao mesmo tempo ir deixando o carro no ponto de fazer a baliza, e ainda por cima num espaço duas vezes mais estreito ao que nos acostumamos na pista da autoescola...
2. Bater na baliza não mata, ensina a viver - O que vocês despeitados veem como fracasso eu vejo como um alerta. A forma como bati naquela baliza ontem é prova de, mais do que imperícia, imprudência e desatenção absurdas. Absurdo seria permitir que alguém saísse dirigindo assim por aí. Agi como alguém que confunde solução pra lente de contato com colírio e só vai descobrir a confusão depois que o olho tá ardendo. Neste caso, você aprende a sempre ler o rótulo antes, mas no trânsito, pode ser bem mais traumático. Em outras palavras, melhor bater na baliza do que no para-choque de alguém, né? Melhor e mais barato. Apesar de setenta contos não serem desprezíveis.
Bom, rumo à terceira tentativa. Setembro é logo ali. Independência ou ônibus.
Mas vamos voltar um pouco. Durante as aulas práticas, achei a coisa toda de dirigir muito complicada, chata, estressante. Desânimo total. A sensação era de que, dirigir, só se for o jeito. Também não gostei do instrutor, que, apesar de mineiro, é impaciente. Paciente fui eu que não o "demiti". Enfim. Mas nunca pensei em desistir de tirar a carteira. Paguei, né?
Penando, consegui aprender a fazer meia-embreagem, baliza e garagem. Na pista de treino da autoescola era menos ruim que no trânsito, já que não havia... trânsito, a não ser de outros carros da própria autoescola, e o instrutor aporrinhava menos.
Na hora da prova, eu, Mr. Freeze, tremi. Deixei o carro morrer e bati na baliza, de ré, coisa que não havia feito nem durante as aulas...
Porém, de umas cinco ou seis pessoas que pude acompanhar fazendo a prova no mesmo dia, só um cara conseguiu passar, e era a segunda vez dele. Menos mal, pensei...
Aí vou pro reteste mais confiante. Antes, o instrutor deixou que eu praticasse um pouco sem precisar pagar outra aula, mesmo assim ainda reclamou que demorei muito e não explicou direito o que eu estava fazendo de errado, o puto.
Estava bem mais calmo que da outra vez. Não deixei o carro morrer, mas em compensação trombei com a baliza de frente, tentando alinhar o carro. Bizarro.
Porém observei algumas coisas.
1. Curva da morte - Nas minhas duas tentativas, me mandaram pra mesma baliza, que todos apelidam de "da morte". Eu não entendia por quê, até constatar que ela é a única em que a gente precisa fazer uma curva antes. Nas outras, você segue reto e basta alinhar. E isso parece besteira para motoristas experientes, mas é um fator de dificuldade extra, por precisar fazer a curva e ao mesmo tempo ir deixando o carro no ponto de fazer a baliza, e ainda por cima num espaço duas vezes mais estreito ao que nos acostumamos na pista da autoescola...
2. Bater na baliza não mata, ensina a viver - O que vocês despeitados veem como fracasso eu vejo como um alerta. A forma como bati naquela baliza ontem é prova de, mais do que imperícia, imprudência e desatenção absurdas. Absurdo seria permitir que alguém saísse dirigindo assim por aí. Agi como alguém que confunde solução pra lente de contato com colírio e só vai descobrir a confusão depois que o olho tá ardendo. Neste caso, você aprende a sempre ler o rótulo antes, mas no trânsito, pode ser bem mais traumático. Em outras palavras, melhor bater na baliza do que no para-choque de alguém, né? Melhor e mais barato. Apesar de setenta contos não serem desprezíveis.
Bom, rumo à terceira tentativa. Setembro é logo ali. Independência ou ônibus.
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