Candelária
Bancários
Em O Engenheiro, João Cabral de Melo Neto compara a cidade a um jornal. Fiquei com esse poema na cabeça desde que o conheci, coisa de um ano atrás. Esse trecho em especial, talvez porque previa que não tardaria e a minha "cidade diária" seria outra.
Não tem um dia em que eu não pare alguns minutos para espiar a rua, seja através de janelas ou da varanda. A rua e seus infinitos e imprevisíveis enredos, protagonizados pelos personagens que passam, a pé, de carro, com cachorro - ou, como eu, espiam.
Sim, porque por mais que eu goste de vistas, de profundidade de campo, a rua não teria graça nenhuma sem pessoas.
Assim, o jornal que João Pessoa me entregava era o de um bairro em crescimento. Todo dia um prédio começa a surgir. De dois ou três andares, quase sem exceção. Mas nem todos residenciais: ali a nova igreja católica, um pouco mais longe um novo shopping. Bairro "familiar" o Bancários. Você põe o pé fora de casa e ainda vê pessoas! Tomando uma no bar, levando o filho na escola. Gente, vida. A minha (família), continua ali.
O jornal da Candelária, aqui em Natown, me diz coisas diferentes. Os prédios têm bem mais de três andares e em vez de igreja, a nova arena da Copa dá as caras no horizonte. A impressão é a de um entorno mais desenvolvido, "acabado", não há tantos terrenos baldios. Mas também não há tanta gente na rua. Não chega nem perto da vibração do Bancários. Se for pra comprar com um bairro pessoense, diria que Candelária se assemelha a Miramar. Não chego, porém, a mirar o mar, mas um pedacinho do Parque das Dunas. Melhor que nada.
Mudar foi uma decisão difícil. Mas pesou a ideia de que, em se tendo opção, por que não variar o cardápio informativo? Sem falar que, como diz Cátia de França (que aliás já musicou João Cabral), é da natureza recomeçar.
26.4.14
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