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8.4.08

Ódio de rastros

Eu sou basicamente um leitor de livros usados e quando a gente pega um livro que já passou por outras mãos costuma topar com desenhos, sublinhados e toda sorte de ruídos.

Reparo nessas coisas e fico viajando sobre como a pessoa interagiu com a obra, através desses "rastros". Insights revelados através de 'frases de efeito' ou poemas; frases circuladas acompanhadas do significados no dicionário... Aliás, estive lendo "Dialética da colonização", em que todo parágrafo tinha pelo menos uma palavra circulada, com tal fim. Compreensível, já que se trata de Alfredo Bosi, autor de construções como:

"Um erudito estudioso dos rituais hierogâmicos e dos himeneus licenciosos da Grécia arcaica, o filólogo Armando Plebe, demonstrou, em La nascita del comico, como os povos mediterrâneos passaram do gesto franco dos cortejos fálicos, auspiciadores de sementeiras fecundas, ao riso malicioso dos ritos nupciais secretos, para, enfim, explodir em motejos desbocados nas invectivas que pontuam a sátira e a comédia na pólis clássica e alexandrina."

Tem outro, emprestado da Biblioteca Central, que também encontra-se totalmenete poluído. Até aí nada de mais. Então eu leio: "Na televisão, o veículo é a expressão, o meio é definitivamente a mensagem", e noto que o trecho estava sublinhado e havia uma seta apontando para a seguinte expressão, escrita com grafite: "Top 5".

O que a moça (sei que é mulher pela caligrafia) quis dizer? Que é uma das 5 melhores frases do livro? Uma das 5 melhores que ela já leu na vida..?

12 comentários:

Anônimo disse...

(...) encontra-se totalmente poluído.

Clique Aqui disse...

Alfredo é Bosi pra leão! // Nessa passada, acho que nunca vou ser erudito.

Mythus disse...

Aposto que você fica lendo glifos em paredes de banheiro público e mesas de biblioteca.

Tenho muita dificuldade de fazer qualquer inscrição em meus livros e discos. Deve ter sido trauma de infância.

Anônimo disse...

1. pra mim, frase feita só de literatura. e eu só sublinho de grafite, pra apagar e outro não xeretar o que achei interessante - imagine se é Sexus, de Henry Miller.
2. Depois de ler Bosi, eu nunca mais sonhei em ser orientanda dele. Francamente, ninguém precisa escrever assim. Prefiro tiopês.

Bruno R disse...

Para Patrulha B: http://img409.imageshack.us/img409/6746/4425743f5f382ss1.jpg

Tath disse...

Não entendeu. ;P
Eu fui ao médico por causa de uma dorzinha boba, aí quando ele me examinou falou que eu tava com os batimentos acima do normal pra minha idade, mas aí fui num cardio e não era nada. ahah Ou seja, o clínico que é "hipocondríaco dos outros".

::: Luís Venceslau disse...

Eu acho massa esses lances, até já fiz um conto q tem a ver com coisas deixadas em livros de bibliotecas. Quem sabe eu não posto ainda esse ano.

Tath disse...

Acho legal isso, sempre fica o mistério. O último livro que comprei tinha os desenhos cobertos, já que era infanto-juvenil: o menino do dedo verde.

Bruno R disse...

o ultimo livro q vc leu foi um infanto-juvenil?

Anônimo disse...

oxente, que problema há nisso?? e o que ela poderia fazer pra que ese não houvesse sido o último, não ler ou rapidamente ler outro pra que não fosse nunca o 'último livro que eu li'??
nã. besteira.

Larissa Claro disse...

Que maldade! (Rs)

Mudando de pau para cacete, você fez a seleção de estágio do Sesc? Parece que as entrevistas só aconteceram ontem...

Larissa Claro disse...

Tu já tá concluindo a segunda habilitação? Uau!