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16.5.09

A nova estrada

A orientação de ampliar o acesso ao ensino superior gratuito não se restringe à criação de novas universidades ou ampliação das já existentes. Para reunir as instituições que oferecem cursos à distância (EAD), o governo criou a UAB (Universidade Aberta do Brasil).

A UFPB está nessa e faz seu terceiro vestibular no próximo dia 24, com 8.710 candidatos concorrendo a 2.115 vagas. Com a nova leva, a UFPB virtual passará a ter mais de 6 mil alunos, cerca de um quarto do número de alunos convencionais da instituição. Lembrando que o número de cursos oferecidos à distância ainda é reduzido, pois o foco são as áreas que formam professores para a educação básica, ou seja, pedagogia e licenciaturas.

A ideía da UAB é levar a universidade a pequenos municípios que não tenham campi ou ampliar o número de vagas naqueles que já têm (por isso existem pólos em João Pessoa e Campina Grande). A implantação dos pólos se dá de forma similar ao Samu: envolve as três esferas de governo. Daí a importância de um prefeito com boa vontade e visão. Muitos administradores acreditam que investir em saúde é comprar ambulância pra transportar doentes, bem como consideram investimento em educação arranjar um ônibus pra levar os estudantes para estudar nas cidades maiores.

Se entendi bem, a estrutura do pólo é simples: uma sala equipada com computadores ligados à internet. O resto, ou seja, o pagamento de monitores e professores bem como toda a arquitetura do ensino é com a universidade. Por falar em professores, na parte presencial do curso são eles que vão até o aluno, em sua cidade, e não o contrário.

Um fato interessante na UAB é que a expansão das universidades não respeita as fronteiras dos estados a que elas pertencem, o que gera algumas curiosidades. Por exemplo, a pequena Duas Estradas-PB tem um curso de licenciatura em Educação Física oferecido por nada menos que a UnB! Já a UFPB Virtual, além das cidades do interior do estado, tem pólos em Pernambuco, Ceará e até na Bahia.

Caladinho, à margem de discussões que estão sempre nos holofotes, como a das cotas, o EAD cresce e arrebanha entusiastas. Um deles é Claudio de Moura Castro, colaborador da Veja, que escreveu sobre o tema na edição de 15 de abril da revista. Apesar de reconhecer algumas desvantagens ("exige pessoas mais maduras e mais disciplinadas, pois são quatro anos estudando sozinhas"), ele cita o Enade como prova de que o ensino à distância é o futuro: "Em metade dos cursos avaliados, os programas à distância mostram resultados melhores do que os presenciais!" E não para por aí: "Cada vez mais, o presencial se combina com segmentos a distância, com o uso da internet, e-learning, vídeos do tipo YouTube e até o prosaico celular. A educação presencial bolorenta está sendo ameaçada pelas múltiplas combinações do presencial com tecnologia e distância." Será?

3 comentários:

.ailton. disse...

A tecnologia pode fazer coisas incríveis. E caras. Há um tipo de curso preparatório para concursos públicos que é telepresencial. Ao mesmo tempo, alunos de diversas partes do Brasil assistem aula com professores que estão ministrando em qualquer lugar: Bahia, SP, RJ... tanto faz. Basta ter acesso ao sinal do curso e pronto. E a estrutura que o curso deve ter é básica. O mais caro mesmo é o sinal do curso, que vem via satélite da embratel. Desse modo, em qualquer lugar do país, você pode ter aulas com aquele promotor paulista que é contra as torcidas organizadas e que é uma referência do Direito Penal Brasileiro: Fernando Capez.
Mas, acredite, o curso é bem carinho.


Mas eu mesmo faço um curso de capacitação à distância. E GRATUITO. Oferecido pelo EAD e Ministério da Justiça, o conteúdo é realmente muito bom. E muito interessante; e eu só preciso do computador ligado à internet para isso. É um bom meio, para o Governo, de qualificar os profissionais. Não tenho nada contra os cursos à distância.

Maria, C. disse...

Certa vez, fiz um curso de culinária à distância sobre os benefícios do chuchu. O professor era de Órion. A aula era boa, apesar de nebulosa.

Falando sério, já fiz um curso telepresencial que gostei muito. Também não tenho nada contra.

Mythus disse...

Será. É bom para o aluno. Ruim para o professor. Cursos à distância fazem com que um professor possa atingir muito mais alunos que acabam se desenvolvendo sozinhos, com pouco ou sem contato com o professor.

Para os professores o mercado fica ainda mais concorrido e aumenta o mercado do monitor de sala ou daquele que tira as dúvidas dos alunos, que também pode ser à distância.