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7.7.08

Belo Horizonte, anos 20


Um grupo de amigos discutia num café sobre a criação de uma revista cultural. Um deles propõe escrever sobre Bidu Sayão, que estreara no Teatro Costanzi de Roma.

- Não vai longe. Uma cantora lírica brasileira fazer sucesso?

O seu ouvinte nem concordou nem discordou. Avistara um amigo seu, leitor voraz, boa conversa. Quis saber se o rapaz de passo curto e rápido e olhar fugidio não queria colaborar com a Leite Crioulo.

- Obrigado, mas quero viajar, conhecer o Brasil. Não quero ser escritor.

Sua voz não indicava sarcasmo, no entanto o nosso crítico de ópera vira naquela resposta ironia e presunção.

- Quem é esse arrogante?
- Chama-se João.
- João Ninguém? - disse, ajeitando os bigodes oleosos.

- João Guimarães Rosa.

2 comentários:

Isabella Araújo (Zabella) disse...

Uma vez eu li uma entrevista sei lá de quem, dizendo que a gente conhece a literatura brasileira de forma errada. Que a gente devia ler mais os contemporâneos, em vez de começar do marco zero. Assim, eu teria alguma coisa pra comentar sobre João Guimarães Rosa...

::: Luís Venceslau disse...

Sem falar das influências políticas. Deram importância demais a esses Euclides da Cunha, José Américo de Almeida. Foi esse tipo de regionalismo q enfiou na cabeça de td mundo q nordeste é sinônimo de fracasso e pobreza. Em Guimarães não tem essa.