Belo Horizonte, anos 20
Um grupo de amigos discutia num café sobre a criação de uma revista cultural. Um deles propõe escrever sobre Bidu Sayão, que estreara no Teatro Costanzi de Roma.
- Não vai longe. Uma cantora lírica brasileira fazer sucesso?
O seu ouvinte nem concordou nem discordou. Avistara um amigo seu, leitor voraz, boa conversa. Quis saber se o rapaz de passo curto e rápido e olhar fugidio não queria colaborar com a Leite Crioulo.
- Obrigado, mas quero viajar, conhecer o Brasil. Não quero ser escritor.
Sua voz não indicava sarcasmo, no entanto o nosso crítico de ópera vira naquela resposta ironia e presunção.
- Quem é esse arrogante?
- Chama-se João.
- João Ninguém? - disse, ajeitando os bigodes oleosos.
- João Guimarães Rosa.
2 comentários:
Uma vez eu li uma entrevista sei lá de quem, dizendo que a gente conhece a literatura brasileira de forma errada. Que a gente devia ler mais os contemporâneos, em vez de começar do marco zero. Assim, eu teria alguma coisa pra comentar sobre João Guimarães Rosa...
Sem falar das influências políticas. Deram importância demais a esses Euclides da Cunha, José Américo de Almeida. Foi esse tipo de regionalismo q enfiou na cabeça de td mundo q nordeste é sinônimo de fracasso e pobreza. Em Guimarães não tem essa.
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