De ontem pra hoje o Rio vem sofrendo com ataques de bandidos e contra-ataques da polícia. Ônibus incendiados e policiais metralhados não são novidade. Ano passado aconteceu do mesmíssimo jeito em São Paulo, com o PCC. O fato novo é a revelação da existência das tais milícias, que eu ignorava por completo. Foi preciso morrer gente queimada pra eu saber que elas existiam.
Não sei se vocês estão acompanhando o noticiário, mas uma das possíveis causas dessa onda de violência é uma reação, por parte de traficantes, contra milícias formadas por policiais, ex-policiais, seguranças particulares e valentões em geral, que perderam a fé no aparato de segurança estatal e começaram a fazer justiça com as próprias mãos. Vi uma entrevista com um especialista em segurança da UFF (Universidade Federal Fluminense) que falou que os tais milicianos já botaram os traficantes pra correr de 15% das favelas cariocas.
E como elas agem? Pelo pouco que vi, elas substituem a “rede de proteção” dos traficantes por outra, igualmente violenta, aplicando leis próprias. Ao que consta, não só banem o tráfico da comunidade como reprimem veementemente o consumo de drogas. Mas se as milícias tão fora do esquema do tráfico, como elas se mantêm? Extorsão. Alguém mais pensou nas organizações paramilitares que combatem as Farc na Colômbia? Se restava alguma dúvida, não resta mais: a guerra (civil) é aqui.
Apesar de medidas como o estatuto do desarmamento, parece que nada contém o avanço da violência nas grandes cidades. A cada eleição a segurança pública tem mais peso na decisão do eleitor. E quanto mais soluções os políticos ensaiam (contratação de policiais parece ser a mais comum), mais a insegurança aumenta. Mas qual seria a solução? E será que existe uma?
Dizer que é um problema social, que os criminosos de hoje são vítimas das desigualdades e agora as classes abastadas estão pagando o preço, é chover no molhado. Ótimo. Invistamos em educação e proteção social. Mas as pessoas estão morrendo agora e o povo tem pressa de (sobre)viver. Então, o que fazer a curto prazo?
Tolerância zero? Ora, a tolerância zero brasileira é de fazer inveja a qualquer Nova York. Veja quantos “bandidos” a polícia sai matando por aí. Não deixa de ser curioso que, ao lado do crescimento da violência, também aumenta a popularidade de bandeiras tradicionais da direita, com destaque para a redução da maioridade penal e a pena de morte. Na prática, a pena de morte é praticada pelos “hômi” a torto e direito. E o povo geralmente aplaude – não sem depois pedir perdão a Deus por pensar assim, na missa dominical...
E essas execuções e chacinas atingem não só os criminosos. Acaba sofrendo pra muito civil que nada tem a ver com a parada. As carnificinas não só não resolvem nada, como geram desconfiança e ódio da polícia. É uma tolerância zero à esquerda.
E agora essas milícias pra fechar o caixão.
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22 comentários:
Eu li sobre essas milícias há um ano, mais ou menos. De resto, é isso aí, a história toda é um nó górdio que ninguém sabe como desata.
Engraçado que poucos dias antes disso começar eu li no blog de um economista americano ele relatando sua última viagem ao Rio, e comentando que achou as ruas em geral bem mais seguras que há 10 anos, embora os amigos brasileiros dissessem que a situação ficou pior nas favelas e arredores. Aí acontece isso.
Bom,
eu até pensei em falar disso no meu blog, nao vou mentir. Mas desisti.
Eh foda, mas a dinamica da violencia no Brasil soh vai se espalhar, e nao ha nada que possa ser feito com relacao a isso.
Eu tava em sampa, quando os ataques rolaram. O mais impressionante eh que a midia realmente faz um puta alarde de graça. No dia dos piores ataques, o movimento na paulista tava igual ao de sempre. Que rola, rola, mas a zona nao eh tao escabrosa quanto parece.
Quem eh o quarto poder, agora?
pois eh. Gio tb falou q tava por lá nessa epoca e achou otimo pq nunca viu sao paulo com um transito tao tranquilo..
toda vez eu venho aqui e não sei o que cometo.. completamente desblogada. vai pro xou de marisa?
os posts dos dias 21, 24 e 29 dariam ótimas discursões, se não fosse a época que foram ao ar e a minha disponibilidade de tempo para comentar. Vou ter que deixar para a próxima. Mas quem sabe 2007 não seja um ano melhor e mais agradável para nós todos?
q seja um ano de boas discussões :)
Poderiam ter acabado com td isso nos anos 80, não acabaram pq nao quiseram.. A industria da violencia funciona nos moldes da industria da seca, só q com consequencias mais drásticas..
não gostei do show. Mas acho que tbm perdi boa parte. Quando cheguei lá, ele tava cantando "Quase Nada". Devo ter perdido todas as músicas novas, porque não o vi tocar nenhuma. Gostei quando ele chamou Totonho, mas fora isso, o resto foi enrolada. No outro dia eu descobri que a prefeitura tinha assinado um contrato com Zeca que dizia q o show tinha que ter 2 horas. E aí eu entendi o motivo de tanta enrolação. Ele demorava horas em músicas que não davam 2 minutos, mandava os músicos tocarem no pianinho pra o povão cantar com ele... enrolação pura!
Eu devo ter perdido o show de verdade mesmo, que ele canta as músicas do Baladas do Asfalto. O show de Zeca de Sergipe foi infinitamente melhor que esse.
Sobre os vampiros: ele tá errado. Vampiros existem. Eu sou um.
E tecnicamente falando, há duas formas de um vampiro pegar alguém: uma se chama BEIJO, a outra, ABRAÇO. O beijo não transforma a vítima em vampiro; é apenas a forma de se alimentar do imortal. Já o abraço (que é um processo) é a transformação do humano em vampiro. Como é que esse mané americano não sabia disso? Ele nunca leu Anne Rice ou Mark Rein-Hagen? Aliás, como todo mundo famoso é vampiro, Saddam tbm é vampiro e não se foi. Deviam ter degolado Saddam, e não o enforcado. COmo não o fizeram... ele voltará... e será ainda pior. Dizem que ele é um Matusalém!
Aliás, por falar em vampiros, eu já joguei com Falcão. Ele era um Toreador, salvo engano. Falcão, eu era Roger Waters, um gangrel, em Chicago. Lembra?
eu era de um clã. o clã destino.
Clã Destino é uma banda de rock lá do Alto do Mateus.
Eu já tinha visto a programação com Arnaldo. E estou surpreso com todos esses shows aqui. Agora eu não quero mais sair daqui, porque "tem coisas que só coutinho faz por você".
e a queima de fogos fora de epoca? hehehe
e ja viram o novo slogan? "Deixa o mago trabalhar"
Eu gostei do texto. Não gostei do trocadilho do título, peba demais! Tem um pessoal lá na redação achando ruim essa queima de fogos no sábado. Tavam até perguntando se era pra ir vestido de branco! Eu acho legal. Acho que o povo vai querer ver, mesmo que não seja dentro da magia do Réveillon. Quanto às milícias, não sabia dessas características. Coibir o tráfico e tal. Vocês já tiveram vontade de fazer justiça com as próprias mãos? (essa frase é pouco desgastada, hein?) Vou esperar chegar o domingo pra limpar minha consciência. Feliz 2007! PS: Depois da igreja vou lá pegar o resto do show de Tocaia e o de Zé. Dia 13 tem escurinho e Arnaldo Antunes. Massa demais!
Vcs foram? Não vi ninguém.. E João Pessoa é underground mesmo, é o único lugar do mundo q teve lag no reveillon. Sabe quem tava do meu lado no show, lá no meio dos maconheiros? Bráulio, mas não falei com ele..
MArginal é muito grande (212MB) pra colocar no YouTube (só aceita vídeos até 100MB). E agora?
divide o védeo em 3!
tem um vídeo sobre cidade das flores que está em duas partes por causa disso.
errata: leia-se vídeo.
é o sono.
nao seria ilha das flores?
não tenho programa pra editar vídeo e dividi-lo. E mesmo assim, eu não faria isso. Devolver-te-ei os CDs, em breve.
não vale entrar no ano novo já fazendo comentários de erros e tal... né? porque depois que luis deu um carão, fico mei envergonhada. mas depois falo tudinho pra vc. de todo modo não tenho muito o que falar sobre o assunto, a não ser que não sei ver nenhuma solução boa pra agora, só mesmo as de longo prazo (educação, emprego, saúde, respeito ao cidadão). é lasca, pois.
Ei, leia o meu blog q tem uma ordem judicial lá pra vc.
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