Ele odiava, mas ia suportando assistir àquelas barbaridades diárias que a mulher acompanhava com atenção religiosa, só quebrada quando comentava sobre os crimes - como se o apresentador já o não fizesse. Mais do que o tom fascista ele ficava puto, sobretudo, com a forma como o âncora se olhava o tempo todo no monitor, se mexendo ou ficando parado e pedindo pro câmera fazer certo movimento, e em seguida recomeçar o processo.
- Você mima esse menino demais. Ele vai acabar como esses marginais. Você já conversou com ele sobre drogas? Por mim ele não saía de noite. Você dá muita liberdade.
Ela já fora uma mãe amorosa. Pouco a pouco, o menino foi se aproximando mais do pai. E à medida que isso acontecia, ela ia dando cada vez menos atenção ao pequeno. E tinha ciúmes. Do filho com o pai. E do pai com o filho.
Na cabeça simples dela tudo se explicava pelos presentes. Dinheiro compra até amor verdadeiro, ela concluiria, se lesse Nelson Rodrigues. Não entendia que o filho amava o pai, entre outras coisas, porque, apesar de tudo, ele respeitava e amava quem o filho respeitava e amava – ela, a mãe. Ao menos é o que parecia.
Ele não via o pai falando mal ou tratando mal a mãe, muito pelo contrário.
Aliás, o pai falava pouco, gostava de se expressar através de gestos. Nunca se exaltava, era sincero sem soar constrangedor –
O moleque é adolescente. Sabe como é adolescente. Ser adolescente é uma merda. Muitos desses meninos que você vê fazendo essas coisas, fazem porque, se a vida dum adolescente já é um saco, imagina a de um adolescente pobre! Aí vem o pai e mãe aporrinhar, moleque vai pra rua mesmo. E faz besteira. Porque cabeça de adolescente tem o quê? Merda. Dou dinheiro sim, deixo sair sim. Pra falar a verdade, ele nem me pede. O que eu dou ainda sobra, ele me falou que tá juntando. É um moleque doce, inteligente, você nem conhece seu próprio filho. Se conhecesse não falava uma besteira dessas. Você sabe até que Fátima Bernardes entorta a boca pro lado esquerdo quando fala, mas não conhece seu filho. Ele é uma pessoa melhor do que você e eu juntos. Se divertir, fumar maconha, não quer dizer nada. Ele é a minha vida. Quando compartilha as conquistas, as dores, as descobertas, é como se fosse eu... Quem diria, logo você? Eu lembro como se fosse hoje. Com você foi diferente. A mudança no tom da sua voz quando falava comigo, quase gaguejando, ficando vermelha, a respiração suspensa. Você, que se achava tão segura. E que ainda por cima era gostosa pra caralho. Casei... Eu e minha onipotência e onisciência de longos 17 anos vividos. Puta, como adolescente faz merda...
-, quase sempre.
12.11.10
6.11.10
Muita gente tem exaltado o fato de Dilma ser "a primeira mulher presidente do Brasil". Tenho duas coisas a dizer sobre isso.
1) Pra mim o fato de ela ser mulher não fede nem cheira. As pessoas que votaram nela por ela ser mulher comemorariam, por exemplo, se nossa governante eleita fosse Roseana Sarney? Uma mulher, simplesmente por ser mluher, vai defender bandeiras femininas, vai "olhar mais pelo povo", esse tipo de coisa? Não. Claro que o sexo pode até pesar em uma coisa ou outra, mas dissociado de um projeto, uma biografia etc., não significa muito.
2) Essa mesma galera reclama de a porcentagem de mulheres eleitas tanto pra cargos executivos quanto legislativos não ter aumentado (e parece até que deu uma diminuída nestas eleições). Bem, e qual a porcentagem mulher/homem entre os candidatos em geral? Observo que não divulgam muito e duvido que seja diferente. Se menos mulher se candidata, menos mulher é eleita. Não vejo discriminação. Não vejo mais mulher governando em regiões mais ricas do que nas mais pobres, e por aí vai. O resto é factóide. :P
Continuação do "2": A explicação, pra mim, é simples, talvez simplória, talvez sexista... O fato é que me parece haver um interesse maior pela política (strictu e lato sensu) por parte de quem tem colhões. Pegue qualquer chapa de CA ou de DCE e vejam a proporção. Se em micro-campanhas os homens já são maioria, por que lá em cima seria diferente? Enquanto os marmanjos vão atrás de voto as mulheres estão fazendo outras coisas - não, não vou falar "lavando roupa ou cozinhando"... -, algumas delas, de muito mais futuro do que a política eleitoral-partidária. Tem muita mulher fazendo coisa massa em ONGs, movimentos sociais e por aí vai, pegando no pesado enquanto os homens (não quero generalizar) tendem a gostar dos holofotes, discursar, esse tipo de coisa.
É isso. Não tenho muito argumento. Me ajudem aí.
1) Pra mim o fato de ela ser mulher não fede nem cheira. As pessoas que votaram nela por ela ser mulher comemorariam, por exemplo, se nossa governante eleita fosse Roseana Sarney? Uma mulher, simplesmente por ser mluher, vai defender bandeiras femininas, vai "olhar mais pelo povo", esse tipo de coisa? Não. Claro que o sexo pode até pesar em uma coisa ou outra, mas dissociado de um projeto, uma biografia etc., não significa muito.
2) Essa mesma galera reclama de a porcentagem de mulheres eleitas tanto pra cargos executivos quanto legislativos não ter aumentado (e parece até que deu uma diminuída nestas eleições). Bem, e qual a porcentagem mulher/homem entre os candidatos em geral? Observo que não divulgam muito e duvido que seja diferente. Se menos mulher se candidata, menos mulher é eleita. Não vejo discriminação. Não vejo mais mulher governando em regiões mais ricas do que nas mais pobres, e por aí vai. O resto é factóide. :P
Continuação do "2": A explicação, pra mim, é simples, talvez simplória, talvez sexista... O fato é que me parece haver um interesse maior pela política (strictu e lato sensu) por parte de quem tem colhões. Pegue qualquer chapa de CA ou de DCE e vejam a proporção. Se em micro-campanhas os homens já são maioria, por que lá em cima seria diferente? Enquanto os marmanjos vão atrás de voto as mulheres estão fazendo outras coisas - não, não vou falar "lavando roupa ou cozinhando"... -, algumas delas, de muito mais futuro do que a política eleitoral-partidária. Tem muita mulher fazendo coisa massa em ONGs, movimentos sociais e por aí vai, pegando no pesado enquanto os homens (não quero generalizar) tendem a gostar dos holofotes, discursar, esse tipo de coisa.
É isso. Não tenho muito argumento. Me ajudem aí.
1.11.10
Carnaval fora de época
Circunstâncias fizeram com que eu deixasse pra votar no final da tarde, só que exagerei e tive que literalmente correr pra chegar à urna eletrônica no fim do arco-íris, mas pode chamar também de Escola Padre Dehon, na Torre.
Ao contrário do primeiro turno e como era esperado, não tinha fila e o cara que ia votar antes de mim descobriu que já tinham votado por ele. Solução? Ele votou (e assinou) pela pessoa que, supostamente, por distração sua e/ou dos mesários, votou no seu lugar... Os mesários, numa tranquila, numa relax, numa boa, deram o comprovante (do outro) e disseram que não tinha problema. É, e se ele precisar comprovar que votou e levar o documento do outro? Vale? #aiaisónobrasilmesmo
Quando deu 17h liguei na Globo e vi que a boca de urna deu 50% a 50%, o que apontava pra mais um crescimento de última hora de Zé, já que no sábado a pesquisa tinha dado 52% a 48% pro Mago. Fiquei preocupado. Comecei a acompanhar a apuração ali perto, na lanchonete da minha irmã, e pouco tempo depois fui pro comitê de Ricardo, na Epitácio, onde já tinha um bocado de gente e cada vez chegava mais.
Bem cedo, por volta das 18h, já estava claro que o Girassol não perderia mais. Ainda fiquei por ali acompanhando curiosidades sobre a apuração no telão e esperando o futuro governador aparecer. Só lá pelas 21h30, quando Dilma já discursava no Fantástico, anunciaram no carro de som que ele só iria falar no Busto. Peguei uma carona e segui a carreata improvisada até lá.
Muita, muita gente. Algumas pessoas, inclusive, dando a impressão de que estariam ali ganhasse quem ganhasse. As primeiras decepções com "o novo estado de coisas" foram simultâneas à euforia. Carro jogando dezenas de panfletos da campanha laranja no chão, sem dó, carros com "autoridades" passando pelo meio da multidão, onde os de pessoas "normais" não poderiam passar.
Os privilégios começaram cedo. O locutor do trio onde os vencedores discursariam, demonstrava irritação com a quantidade de pessoas que estavam em cima do veículo e as que, no chão, "impediam" a aproximação das "autoridades": "Chamamos aqui a polícia militar porque as pessoas não entendem...". "Pedimos mais uma vez que só fiquem os deputados em cima do palanque, para o nosso governador, o vie-governador e Cássio falarem, e a TV poder filmar!"
Tudo bem que tinha muito babão e gente querendo aparecer ali em cima, gente que, aliás, também dava impressão de que esatria ali ganhasse quem ganhasse, mas acho uma falta de respeito com a militância, nessa hora, só pros cinegrafistas captarem imagens melhores. Mais uma prova de que cada vez mais a política se faz pela TV. O idiota do locutor ficava a todo momento tentando adestrar a plateia: "baixem as bandeiras, façam o 'V' da vitória"... Se empolgar tudo bem, mas virar macaca de auditório já é demais.
Quanto às pessoas que queriam cumprimentar e abraçar Ricardo no chão, eu não vejo nada mais natural, apesar de não ser a minha. Ficaram horas ali esperando, inclusive porque antes ele deu entrevista coletiva, e de repente alguém decide chamar a polícia pra eles abrirem caminho?
Porém a cena mais, digamos, marcante, foi ouvir Ricardo chamando Efraim de "um gigante"...
Mas eu fiquei feliz, sim, e ainda estou. Até porque não acordei de ressaca. De nenhum tipo.
Ao contrário do primeiro turno e como era esperado, não tinha fila e o cara que ia votar antes de mim descobriu que já tinham votado por ele. Solução? Ele votou (e assinou) pela pessoa que, supostamente, por distração sua e/ou dos mesários, votou no seu lugar... Os mesários, numa tranquila, numa relax, numa boa, deram o comprovante (do outro) e disseram que não tinha problema. É, e se ele precisar comprovar que votou e levar o documento do outro? Vale? #aiaisónobrasilmesmo
Quando deu 17h liguei na Globo e vi que a boca de urna deu 50% a 50%, o que apontava pra mais um crescimento de última hora de Zé, já que no sábado a pesquisa tinha dado 52% a 48% pro Mago. Fiquei preocupado. Comecei a acompanhar a apuração ali perto, na lanchonete da minha irmã, e pouco tempo depois fui pro comitê de Ricardo, na Epitácio, onde já tinha um bocado de gente e cada vez chegava mais.
Bem cedo, por volta das 18h, já estava claro que o Girassol não perderia mais. Ainda fiquei por ali acompanhando curiosidades sobre a apuração no telão e esperando o futuro governador aparecer. Só lá pelas 21h30, quando Dilma já discursava no Fantástico, anunciaram no carro de som que ele só iria falar no Busto. Peguei uma carona e segui a carreata improvisada até lá.
Muita, muita gente. Algumas pessoas, inclusive, dando a impressão de que estariam ali ganhasse quem ganhasse. As primeiras decepções com "o novo estado de coisas" foram simultâneas à euforia. Carro jogando dezenas de panfletos da campanha laranja no chão, sem dó, carros com "autoridades" passando pelo meio da multidão, onde os de pessoas "normais" não poderiam passar.
Os privilégios começaram cedo. O locutor do trio onde os vencedores discursariam, demonstrava irritação com a quantidade de pessoas que estavam em cima do veículo e as que, no chão, "impediam" a aproximação das "autoridades": "Chamamos aqui a polícia militar porque as pessoas não entendem...". "Pedimos mais uma vez que só fiquem os deputados em cima do palanque, para o nosso governador, o vie-governador e Cássio falarem, e a TV poder filmar!"
Tudo bem que tinha muito babão e gente querendo aparecer ali em cima, gente que, aliás, também dava impressão de que esatria ali ganhasse quem ganhasse, mas acho uma falta de respeito com a militância, nessa hora, só pros cinegrafistas captarem imagens melhores. Mais uma prova de que cada vez mais a política se faz pela TV. O idiota do locutor ficava a todo momento tentando adestrar a plateia: "baixem as bandeiras, façam o 'V' da vitória"... Se empolgar tudo bem, mas virar macaca de auditório já é demais.
Quanto às pessoas que queriam cumprimentar e abraçar Ricardo no chão, eu não vejo nada mais natural, apesar de não ser a minha. Ficaram horas ali esperando, inclusive porque antes ele deu entrevista coletiva, e de repente alguém decide chamar a polícia pra eles abrirem caminho?
Porém a cena mais, digamos, marcante, foi ouvir Ricardo chamando Efraim de "um gigante"...
Mas eu fiquei feliz, sim, e ainda estou. Até porque não acordei de ressaca. De nenhum tipo.
29.10.10
Alô povão agora é sério!
No primeiro turno nem votei em Ricardo Coutinho (e sim em Nelson Júnior), mas sempre quis que ele ganhasse. E agora mais do que nunca. Tanto quanto torci por Lula, só que agora tá mais imprevisível que 2002. Tô com o Mago e não abro, não só pelos méritos dele, mas pelos deméritos do adversário, e daí este post-apelo.
Se você vota em Zé, eu respeito. Mesmo sendo incontestável que ele é um administrador muito menos competente e responsável que o socialista e, além disso, cínico (nega que tenha produzido os panfletos, por exemplo). A campanha vermelha neste segundo turno é uma baixaria inimaginável, beirando o fantástico.
Mas eu não desmereço o voto de ninguém. Mesmo. Por isso eu discuto, mas não tenho a pretensão de fazer ninguém mudar de opinião. O que eu quero fazer é um pedido a quem tá indeciso ou prefere o Girassol mas, pelo feriado ou outra razão, não tá lá muito disposto a encarar a urna. Por favor, vote. Ou, se não der, pelo menos convença outras pessoas a votar.
E aqui não se trata (apenas) do clichê repetido por todo candidato que tá atrás nas pesquisas, "Se você vai votar em mim, consiga mais um, dois votos..." O duelo paraibano tem peculiaridades que exigem mais, por parte do cidadão, do que simplesmente marcar presença na seção eleitoral.
Quem acompanhou as apelações do candidato do PMDB, principalmente nesta semana, sabe que, daqui pra domingo, a coisa só tende a piorar. O aumento pomposo e absurdo, dadas as circunstâncias, pras polícias civil, militar e bombeiros, é a principal. Afagar os policiais, além de atrair os seus votos e de seus familiares, ainda é perigoso por que são eles que vão fazer a segurança do pleito! Será que a corporação vai ter isenção para coibir crimes eleitorais praticados pela turma que apoiam?
Mas Maranhão também acabou de convocar aprovados em concursos da PM e da Saúde. E foi só RC dizer que ele não investia em Ciência e Tecnologia que a UEPB publicou edital de R$ 2,5 milhão pra projetos de pesquisa.
Ótimo. Se não fosse a dias da eleição! Mas, repito, o pior ainda está por vir. Já tivemos os panfletos jogados por helicóptero, no Sertão. Ricardo disse, pelo twitter (@realrcoutinho), que pessoas vestidas de laranja estavam prometendo dinheiro em troca de voto e, se eles não recebessem até o dia 31, "poderiam votar no outro"...
A coisa tá feia. E eu acho que nós, de alguma forma, podemos oferecer um antídoto contra essas práticas, em alguma medida. Todo mundo conhece alguém no interior. Converse, ligue, deixe scrap. Diga pra não acreditarem em qualquer besteira que falem (e vão falar, sem dúvida) pra atingir Ricardo. Não estou pedindo pra ninguém tentar convencer os eleitores de Zé a mudar de lado - a menos que eles tenham decidido isso baseados em alguma mentira. É blindar o Girassol, agora, e correr pro abraço, depois. Espero vocês no Busto domingo à noite.
2.10.10
No quadro "Clássicos do Futebol" do "Loucos por Futebol", da ESPN, apresentado por Roberto Porto, tomei conhecimento de um "causo real" que surprende até quem está acostumado com as histórias com selo "Coisas que só acontecem com o Botafogo". E também dá ideia do quanto essa tradição de bizarrices vem de longe.
Mesmo quem nunca leu "Os Sertões", ou só estudou a obra por meio de um "resumão" pra passar no vestibular, conhece a história do triângulo amoroso que culminou na morte do jornalista-escritor, graças à minissérie "Desejo".
O que eu não sabia (ou não lembrava) é que Euclides da Cunha Filho, em circunstâncias muito parecidas, também foi morto pelo algoz do pai, sete anos depois. Bom, o próprio Porto conta a história melhor que eu.
Lá é revelada a trágica história do zagueiro (e goleiro!) do alvinegro, Dinorah de Assis, o irmão para quem acabou sobrando uma bala de Euclides, que teve sérios problemas de saúde e acabou se suicidando num rio.
O que o pesquisador não relata no blog (mas falou no programa) é que a coisa tomou uma proporção tal que a antipatia a Dilermando atingiu o próprio Botafogo, que passou vários anos proibido de jogar no estado de São Paulo!
Quanto a Dilermando, apesar de ter sido baleado várias vezes, nos dois atentados, sobreviveu e foi absolvido em ambos. Ana Sólon da Cunha viveu até o fim com o homem que matou seu marido e filho. O casal morreu no mesmo ano, 1951.
Mesmo quem nunca leu "Os Sertões", ou só estudou a obra por meio de um "resumão" pra passar no vestibular, conhece a história do triângulo amoroso que culminou na morte do jornalista-escritor, graças à minissérie "Desejo".
O que eu não sabia (ou não lembrava) é que Euclides da Cunha Filho, em circunstâncias muito parecidas, também foi morto pelo algoz do pai, sete anos depois. Bom, o próprio Porto conta a história melhor que eu.
Lá é revelada a trágica história do zagueiro (e goleiro!) do alvinegro, Dinorah de Assis, o irmão para quem acabou sobrando uma bala de Euclides, que teve sérios problemas de saúde e acabou se suicidando num rio.
O que o pesquisador não relata no blog (mas falou no programa) é que a coisa tomou uma proporção tal que a antipatia a Dilermando atingiu o próprio Botafogo, que passou vários anos proibido de jogar no estado de São Paulo!
Quanto a Dilermando, apesar de ter sido baleado várias vezes, nos dois atentados, sobreviveu e foi absolvido em ambos. Ana Sólon da Cunha viveu até o fim com o homem que matou seu marido e filho. O casal morreu no mesmo ano, 1951.
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26.9.10
"Magotes de crianças nuas, de hedionda magreza de esqueleto, de grandes ventres, obesos e lustrosos como grandes cabaças, lançavam olhares, terríveis de avidez, sobre pilhas de rapaduras, grandes medidas de quarta, desbordantes de farinha e feijão, pencas de bananas, rimas de beijus, alvíssimas tapiocas, montes de laranjas pequeninas e vermelhas, colhidas na véspera, nos pomares murchos de Meruoca.
Os míseros pequenos, estatelados ao tantálico suplício da contemplação dessas gulodices, atiravam-se às cascas de frutas lançadas ao chão, e se enovelavam, na disputa desses resíduos misturados com terra, em ferozes pugilatos. Era indispensável ativa vigilância para não serem assaltadas e devoradas as provisões à venda, pela horda de meninos, que não falavam; não sabiam mais chorar, nem sorrir, e cujos rostos, polvilhados de descamações cinzentas, sem músculos, tinham a imobilidade de couro curtido. Quando contrariados ou afastados pelos mercadores aos empuxões e pontapés, rugiam e mostravam os dentes roídos de escorbuto. Eram órfaõs quase todos, ou abandonados pelos pais; não sabiam os próprios nomes, nem donde vinham. Privados de memória, bestificados pela carência de carinhos, anestesiados pelo contínuo sofrer, eram esses pequeninos mendigos gravetos de uma floresta morta, despedaçados pelos vendavais, destroços de famílias, dispersadas pela ruptura de todos os laços de interesses e afetos.
Às vezes, a morte os surpreendia durante o sono, junto de um tronco ou na soleira de uma porta. Trespassavam como pássaros, sem contorções, sem estertor, sem um gemido, silenciosos, tranquilos, num sossego de morte, num sossego de liberdade."
A poderosa descrição acima está em "Luzia-Homem", romance naturalista de Domingos Olímpio ambientado no interior do Ceará, durante uma arrasadora seca na década de 1870.
A vida das crianças pobres de hoje parece ter melhorado só um pouco. Já outra passagem, que disponibilizo a seguir, me chamou atenção pela ideia, pelo visto imortal, da juventude transviada. "Ah no meu tempo..."
- (...) Sempre digo que essa criação d'agora não presta. Filhos muito senhores de si, por qualquer descuido, se desgarram. Os meus não punham pé em ramo verde. Muito amor, mas muito respeito e cabresto curto.
- Nestes tempos de miséria - ponderou um carpinteiro idoso - ninguém tem folga para cuidar da criação dos filhos. Vão se criando ao deus-dará, como filhos de pobre.
Os míseros pequenos, estatelados ao tantálico suplício da contemplação dessas gulodices, atiravam-se às cascas de frutas lançadas ao chão, e se enovelavam, na disputa desses resíduos misturados com terra, em ferozes pugilatos. Era indispensável ativa vigilância para não serem assaltadas e devoradas as provisões à venda, pela horda de meninos, que não falavam; não sabiam mais chorar, nem sorrir, e cujos rostos, polvilhados de descamações cinzentas, sem músculos, tinham a imobilidade de couro curtido. Quando contrariados ou afastados pelos mercadores aos empuxões e pontapés, rugiam e mostravam os dentes roídos de escorbuto. Eram órfaõs quase todos, ou abandonados pelos pais; não sabiam os próprios nomes, nem donde vinham. Privados de memória, bestificados pela carência de carinhos, anestesiados pelo contínuo sofrer, eram esses pequeninos mendigos gravetos de uma floresta morta, despedaçados pelos vendavais, destroços de famílias, dispersadas pela ruptura de todos os laços de interesses e afetos.
Às vezes, a morte os surpreendia durante o sono, junto de um tronco ou na soleira de uma porta. Trespassavam como pássaros, sem contorções, sem estertor, sem um gemido, silenciosos, tranquilos, num sossego de morte, num sossego de liberdade."
A poderosa descrição acima está em "Luzia-Homem", romance naturalista de Domingos Olímpio ambientado no interior do Ceará, durante uma arrasadora seca na década de 1870.
A vida das crianças pobres de hoje parece ter melhorado só um pouco. Já outra passagem, que disponibilizo a seguir, me chamou atenção pela ideia, pelo visto imortal, da juventude transviada. "Ah no meu tempo..."
- (...) Sempre digo que essa criação d'agora não presta. Filhos muito senhores de si, por qualquer descuido, se desgarram. Os meus não punham pé em ramo verde. Muito amor, mas muito respeito e cabresto curto.
- Nestes tempos de miséria - ponderou um carpinteiro idoso - ninguém tem folga para cuidar da criação dos filhos. Vão se criando ao deus-dará, como filhos de pobre.
16.9.10
Domingo passado entrei no campo de um estádio pela primeira vez. O SunRock Festival me proporcionou subir os mesmos degraus que levam os jogadores ao gramado e até sentar no banco de reservas eu sentei (aliás, um festival de rock dentro de um estádio em João Pessoa? Eu tava lá mas ainda acho a coisa surreal... Enfim).
Bem, ter o mesmo ponto de vista dos jogadores é um negócio massa. Impossível não imaginar a torcida ali, cantando o hino do clube, gritando seu nome ou te xingando. E, de dentro, a distância entre o campo e a arquibancada parece bem menor. Dá pra ter a ideia da responsa que é jogar com um mundo de gente ao redor de você, para o bem e para o mal. Explicando melhor: visualize o que é se concentrar com 40 mil pessoas te vaiando. Ou, a instiga de disputar um jogo com esse mesmo coro gritando olé...
O.K. encerro aqui a divagação ludopédica do post. Vamos à "sociológica" (sim, porque de música não entendo bulhufas, só sei que Matanza, principalmente, e Sepultura estiveram ótimas e dizem que o som tava ruim na apresentação do Angra. Pra mim tanto faz, já que aproveitei aquela bosta pra descansar).
Eu esperava um pouco mais de gente. Li no Paraiba1 que no sábado deu 18 mil pessoas pra Scorpions e Cia. No domingo não divulgaram. Mas a matéria diz que a produção pretende uma nova edição ano que vem. Tomara.
Entre os que foram, 99% nunca vi na vida. Deu pra identificar indivíduos de Recife, Campina Grande, Sousa e até torcedores do Botafogo da Paraíba. Foi divertido ver headbangers sincronizados e air guitars brotando a todo instante, por todo lado. Bem como fãs que despertavam (literalmente) e corriam (literalmente) pra perto do palco quando escutavam os primeiros acordes de algum hit (como um cover da pernambucana Terra Prima de Enter Sandman).
Quanto a mim, constatei, polgando, que meu preparo físico tá uma merda depois que tive que interromper as atividades físicas. Pelo menos saí intacto. Ao final do Sepultura (e do festival), conhecidos e recém-conhecidos mostravam narizes e joelhos sequelados. Se não tenho o mesmo fôlego dos mais jovens, pelo menos aprendi que se polga protegendo o rosto com os cotovelos e com as pernas nunca muito próximas pra não desequilibrar.
Não saí machucado mas acertei, sem querer, um murro numa menina. Já tava preparando o pedido de desculpas, quando notei que ela seguiu normalmente na roda, como se nada tivesse acontecido. E, na verdade, não aconteceu mesmo. Tr00.
Bem, ter o mesmo ponto de vista dos jogadores é um negócio massa. Impossível não imaginar a torcida ali, cantando o hino do clube, gritando seu nome ou te xingando. E, de dentro, a distância entre o campo e a arquibancada parece bem menor. Dá pra ter a ideia da responsa que é jogar com um mundo de gente ao redor de você, para o bem e para o mal. Explicando melhor: visualize o que é se concentrar com 40 mil pessoas te vaiando. Ou, a instiga de disputar um jogo com esse mesmo coro gritando olé...
O.K. encerro aqui a divagação ludopédica do post. Vamos à "sociológica" (sim, porque de música não entendo bulhufas, só sei que Matanza, principalmente, e Sepultura estiveram ótimas e dizem que o som tava ruim na apresentação do Angra. Pra mim tanto faz, já que aproveitei aquela bosta pra descansar).
Eu esperava um pouco mais de gente. Li no Paraiba1 que no sábado deu 18 mil pessoas pra Scorpions e Cia. No domingo não divulgaram. Mas a matéria diz que a produção pretende uma nova edição ano que vem. Tomara.
Entre os que foram, 99% nunca vi na vida. Deu pra identificar indivíduos de Recife, Campina Grande, Sousa e até torcedores do Botafogo da Paraíba. Foi divertido ver headbangers sincronizados e air guitars brotando a todo instante, por todo lado. Bem como fãs que despertavam (literalmente) e corriam (literalmente) pra perto do palco quando escutavam os primeiros acordes de algum hit (como um cover da pernambucana Terra Prima de Enter Sandman).
Quanto a mim, constatei, polgando, que meu preparo físico tá uma merda depois que tive que interromper as atividades físicas. Pelo menos saí intacto. Ao final do Sepultura (e do festival), conhecidos e recém-conhecidos mostravam narizes e joelhos sequelados. Se não tenho o mesmo fôlego dos mais jovens, pelo menos aprendi que se polga protegendo o rosto com os cotovelos e com as pernas nunca muito próximas pra não desequilibrar.
Não saí machucado mas acertei, sem querer, um murro numa menina. Já tava preparando o pedido de desculpas, quando notei que ela seguiu normalmente na roda, como se nada tivesse acontecido. E, na verdade, não aconteceu mesmo. Tr00.
4.9.10
Fênix
Finalmente a TV Cidade João Pessoa, canal 8 da Net, voltou a exibir programação própria (documentários, programetes e trechos dos shows que a prefeitura promove. Hoje de manhã vi um doc sobre Jackson do Pandeiro e pedaços das apresentações de Pitty e Jorge Ben. Claro que isso tem a ver com as eleições, já que a TV, onde estagiei entre 2007 e 2008, é da prefeitura. Mas era um absurdo que, tendo sede, equipamentos e funcionários pagos por nós, praticamente ela só existisse como uma registradora de eventos. Que sobreviva à outubro, enfim, porque tem coisa boa pra mostrar; material que uma TV comercial nunca se interessaria em produzir.
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19.8.10
Pra quem (não) conhece, um pouco de Sérgio de Castro Pinto
etílico
a vida é dose!
de gole
em gole
- com um olho
cheio
de rum
e o outro
sem rumo -,
o mundo é um porre!
domiciliares
a) bêbado, cadarços são rédeas
que me põem os sapatos.
bêbado, não chego.
bêbado, os sapatos
me entregam a domicílio.
geração 60
a carta branca do montilla
não era de alforria.
o papagaio era calado.
o cuba-livre nos prendia.
e em barris de carvalho
o tempo envilecia.
à companhia de água e esgotos
o hidrômetro
registra
um pingo
de minha vida
sob o chuveiro.
(no fim do mês,
engulo em seco:
taxam-me o dilúvio inteiro!)
noturnos
c) nenhuma ovelha
pula a cerca
de minha insônia.
abato a todas.
e quanto à lã
serve de enchimento
para o travesseiro.
serve
- a cada manhã –
para travestir-me
de cordeiro.
papel de jornal
no papel de jornal
cabe o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
no papel de jornal
transporto o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de provocar engulhos.
no papel de jornal
cabe todo o presente.
o presente
e o seu papel
de sonegar futuro.
a vida é dose!
de gole
em gole
- com um olho
cheio
de rum
e o outro
sem rumo -,
o mundo é um porre!
domiciliares
a) bêbado, cadarços são rédeas
que me põem os sapatos.
bêbado, não chego.
bêbado, os sapatos
me entregam a domicílio.
geração 60
a carta branca do montilla
não era de alforria.
o papagaio era calado.
o cuba-livre nos prendia.
e em barris de carvalho
o tempo envilecia.
à companhia de água e esgotos
o hidrômetro
registra
um pingo
de minha vida
sob o chuveiro.
(no fim do mês,
engulo em seco:
taxam-me o dilúvio inteiro!)
noturnos
c) nenhuma ovelha
pula a cerca
de minha insônia.
abato a todas.
e quanto à lã
serve de enchimento
para o travesseiro.
serve
- a cada manhã –
para travestir-me
de cordeiro.
papel de jornal
no papel de jornal
cabe o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
no papel de jornal
transporto o presente
e o seu papel
de estocar embrulhos.
o presente
e o seu papel
de provocar engulhos.
no papel de jornal
cabe todo o presente.
o presente
e o seu papel
de sonegar futuro.
4.8.10
(auto)escola da vida
Ontem reprovei pela segunda vez na prova do Detran. O capítulo mais recente da novela que já dura 6 meses e 600 reais.
Mas vamos voltar um pouco. Durante as aulas práticas, achei a coisa toda de dirigir muito complicada, chata, estressante. Desânimo total. A sensação era de que, dirigir, só se for o jeito. Também não gostei do instrutor, que, apesar de mineiro, é impaciente. Paciente fui eu que não o "demiti". Enfim. Mas nunca pensei em desistir de tirar a carteira. Paguei, né?
Penando, consegui aprender a fazer meia-embreagem, baliza e garagem. Na pista de treino da autoescola era menos ruim que no trânsito, já que não havia... trânsito, a não ser de outros carros da própria autoescola, e o instrutor aporrinhava menos.
Na hora da prova, eu, Mr. Freeze, tremi. Deixei o carro morrer e bati na baliza, de ré, coisa que não havia feito nem durante as aulas...
Porém, de umas cinco ou seis pessoas que pude acompanhar fazendo a prova no mesmo dia, só um cara conseguiu passar, e era a segunda vez dele. Menos mal, pensei...
Aí vou pro reteste mais confiante. Antes, o instrutor deixou que eu praticasse um pouco sem precisar pagar outra aula, mesmo assim ainda reclamou que demorei muito e não explicou direito o que eu estava fazendo de errado, o puto.
Estava bem mais calmo que da outra vez. Não deixei o carro morrer, mas em compensação trombei com a baliza de frente, tentando alinhar o carro. Bizarro.
Porém observei algumas coisas.
1. Curva da morte - Nas minhas duas tentativas, me mandaram pra mesma baliza, que todos apelidam de "da morte". Eu não entendia por quê, até constatar que ela é a única em que a gente precisa fazer uma curva antes. Nas outras, você segue reto e basta alinhar. E isso parece besteira para motoristas experientes, mas é um fator de dificuldade extra, por precisar fazer a curva e ao mesmo tempo ir deixando o carro no ponto de fazer a baliza, e ainda por cima num espaço duas vezes mais estreito ao que nos acostumamos na pista da autoescola...
2. Bater na baliza não mata, ensina a viver - O que vocês despeitados veem como fracasso eu vejo como um alerta. A forma como bati naquela baliza ontem é prova de, mais do que imperícia, imprudência e desatenção absurdas. Absurdo seria permitir que alguém saísse dirigindo assim por aí. Agi como alguém que confunde solução pra lente de contato com colírio e só vai descobrir a confusão depois que o olho tá ardendo. Neste caso, você aprende a sempre ler o rótulo antes, mas no trânsito, pode ser bem mais traumático. Em outras palavras, melhor bater na baliza do que no para-choque de alguém, né? Melhor e mais barato. Apesar de setenta contos não serem desprezíveis.
Bom, rumo à terceira tentativa. Setembro é logo ali. Independência ou ônibus.
Mas vamos voltar um pouco. Durante as aulas práticas, achei a coisa toda de dirigir muito complicada, chata, estressante. Desânimo total. A sensação era de que, dirigir, só se for o jeito. Também não gostei do instrutor, que, apesar de mineiro, é impaciente. Paciente fui eu que não o "demiti". Enfim. Mas nunca pensei em desistir de tirar a carteira. Paguei, né?
Penando, consegui aprender a fazer meia-embreagem, baliza e garagem. Na pista de treino da autoescola era menos ruim que no trânsito, já que não havia... trânsito, a não ser de outros carros da própria autoescola, e o instrutor aporrinhava menos.
Na hora da prova, eu, Mr. Freeze, tremi. Deixei o carro morrer e bati na baliza, de ré, coisa que não havia feito nem durante as aulas...
Porém, de umas cinco ou seis pessoas que pude acompanhar fazendo a prova no mesmo dia, só um cara conseguiu passar, e era a segunda vez dele. Menos mal, pensei...
Aí vou pro reteste mais confiante. Antes, o instrutor deixou que eu praticasse um pouco sem precisar pagar outra aula, mesmo assim ainda reclamou que demorei muito e não explicou direito o que eu estava fazendo de errado, o puto.
Estava bem mais calmo que da outra vez. Não deixei o carro morrer, mas em compensação trombei com a baliza de frente, tentando alinhar o carro. Bizarro.
Porém observei algumas coisas.
1. Curva da morte - Nas minhas duas tentativas, me mandaram pra mesma baliza, que todos apelidam de "da morte". Eu não entendia por quê, até constatar que ela é a única em que a gente precisa fazer uma curva antes. Nas outras, você segue reto e basta alinhar. E isso parece besteira para motoristas experientes, mas é um fator de dificuldade extra, por precisar fazer a curva e ao mesmo tempo ir deixando o carro no ponto de fazer a baliza, e ainda por cima num espaço duas vezes mais estreito ao que nos acostumamos na pista da autoescola...
2. Bater na baliza não mata, ensina a viver - O que vocês despeitados veem como fracasso eu vejo como um alerta. A forma como bati naquela baliza ontem é prova de, mais do que imperícia, imprudência e desatenção absurdas. Absurdo seria permitir que alguém saísse dirigindo assim por aí. Agi como alguém que confunde solução pra lente de contato com colírio e só vai descobrir a confusão depois que o olho tá ardendo. Neste caso, você aprende a sempre ler o rótulo antes, mas no trânsito, pode ser bem mais traumático. Em outras palavras, melhor bater na baliza do que no para-choque de alguém, né? Melhor e mais barato. Apesar de setenta contos não serem desprezíveis.
Bom, rumo à terceira tentativa. Setembro é logo ali. Independência ou ônibus.
8.7.10
A Veja já foi melhor
A única testemunha do crime, encontrada num bar de Ipanema, declarou:
"Távamos malocados no Vidigal cafungando uma legal, quando embunecamos com a máquina de dois baitolas na viseira. Meu chapa, numa péssima, neurotizou adoidado, levou um caramelo no gorgolejo e meteu lá uma de decúbito sem retorno. Por aí."
A polícia já está no encalço de um tradutor.
Revista Veja, 21/09/1977
"Távamos malocados no Vidigal cafungando uma legal, quando embunecamos com a máquina de dois baitolas na viseira. Meu chapa, numa péssima, neurotizou adoidado, levou um caramelo no gorgolejo e meteu lá uma de decúbito sem retorno. Por aí."
A polícia já está no encalço de um tradutor.
Revista Veja, 21/09/1977
5.6.10
Às vezes acontece de um fato menor, dentro de uma notícia, ser mais relevante do que o próprio fato que mereceu o texto, e não aparece nem no título, no subtítulo ou sequer no lead (primeiro parágrafo).
É o caso desta notícia, que fala sobre um filme que homenageia Lima Barreto, não o escritor, mas o diretor de Os Cangaceiros, premiado em Cannes, da Vera Cruz e tal.
Mas o que mais me chamou atenção foi a descoberta de que Lampião era... poeta! Compôs "Mulher rendeira" e tudo.
Apesar do mito, de tudo o que se produziu sobre Lampião, ainda tem coisa que a gente não sabe sobre o sujeito... Será que é por que só destacam sempre os mesmos aspectos? Faz pensar.
Mas voltando à notícia, por que o repórter não deu ênfase a esse fato? Porque não é novidade. Mas pra mim, e acho que pra muita gente, é. Coisas do jornalismo.
É o caso desta notícia, que fala sobre um filme que homenageia Lima Barreto, não o escritor, mas o diretor de Os Cangaceiros, premiado em Cannes, da Vera Cruz e tal.
Mas o que mais me chamou atenção foi a descoberta de que Lampião era... poeta! Compôs "Mulher rendeira" e tudo.
Apesar do mito, de tudo o que se produziu sobre Lampião, ainda tem coisa que a gente não sabe sobre o sujeito... Será que é por que só destacam sempre os mesmos aspectos? Faz pensar.
Mas voltando à notícia, por que o repórter não deu ênfase a esse fato? Porque não é novidade. Mas pra mim, e acho que pra muita gente, é. Coisas do jornalismo.
2.4.10
Obs.:
As desinências são as mesmas; menos a 3a p. pl. dos verbos atemáticos, que é -σαν (emprestada do aoristo sigmático); nos verbos atemáticos ativos há alternância longa/breve, singular/plural no radical do imperfeito, com ditongação das 1a, 2a e 3a p. do sing. em εδιδουν, εδιδους, εδιδου.
16.3.10
Idio$$incrasias
"Nossa cultura perdeu muito de seus valores tradicionais. O dinheiro é a única coisa que sobrou para estimular os desejos e as aspirações da maioria das pessoas. o dinheiro tomou o lugar ou entrou profundamente no mundo da religião, do patriotismo, da arte, do amor e da ciência... Os ricos e os pobres lutam por dinheiro por razões muito diferentes. Quem é pobre entende algo sobre o dinheiro que os ricos não entendem. E o contrário também é verdadeiro. Os pobres sentem o poder do dinheiro na própria pele. Uma pessoa rica frequentemente sente isso nas suas emoções, não no seu corpo. Quem é rico sabe que com dinheiro, muitas vezes, você pode manipular, blefar e fazer o que você quiser. Mas até um certo ponto. Sabe interiormente que há algo essencial na condição humana que o dinheiro não compra."
"Mais tarde, minha mulher telefonou para dizer que fez uma salada para mim. Em seguida, ligou de novo para pedir 100 reais para ajudar nas compras. Mulher é igual a mingau: primeiro dá uma colherada nas beiradas; se estiver frio, parte para dentro."
"Mais tarde, minha mulher telefonou para dizer que fez uma salada para mim. Em seguida, ligou de novo para pedir 100 reais para ajudar nas compras. Mulher é igual a mingau: primeiro dá uma colherada nas beiradas; se estiver frio, parte para dentro."
11.3.10
Marcelo Dourado vai ganhar o BBB 10.
Popular, não vai se candidatar a nada nessas eleições porque não se filiou a um partido político antes de outubro do ano passado.
Vai fundar ou participar de uma ONG ou projeto social.
Professor de artes marciais, vai dar aulas para crianças e jovens da periferia porque, como todos sabemos, o esporte pode desviar os jovens do daminho das drogas e da bandidagem.
Dirá que nunca se candidatará a cargo político.
Filiar-se-á, no entanto, a uma legenda de direita, porque os amigos e pessoas que o param na rua insistirão, o que o sensibilizará.
Candidatar-se-á a um cargo legislativo em 2012.
Popular, não vai se candidatar a nada nessas eleições porque não se filiou a um partido político antes de outubro do ano passado.
Vai fundar ou participar de uma ONG ou projeto social.
Professor de artes marciais, vai dar aulas para crianças e jovens da periferia porque, como todos sabemos, o esporte pode desviar os jovens do daminho das drogas e da bandidagem.
Dirá que nunca se candidatará a cargo político.
Filiar-se-á, no entanto, a uma legenda de direita, porque os amigos e pessoas que o param na rua insistirão, o que o sensibilizará.
Candidatar-se-á a um cargo legislativo em 2012.
28.2.10
Fiquei um pouco triste por não ser jovem e estar fazendo tudo aquilo de novo, bebendo e brigando e jogando com as palavras. Quando a gente é jovem, pode realmente aguentar uma surra. A comida não importava. O que importava era beber e sentar à máquina. Eu devia ter sido louco, mas há muitos tipos de loucura, e alguns são muito gostosos. Eu morria de fome para ter tempo de escrever. Não se faz mais isso. Olhando aquela mesa, via-me ali sentado de novo. Naquele tempo estava louco e sabia disso e não me importava.
Hollywood, Bukowski
Hollywood, Bukowski
13.2.10
8.2.10
Como me tornei saci
Horas após eu publicar o post anterior eu me encontrava numa emergência de hospital após cerca de 18 anos. Chamam a isso ironia do destino.
Ocorre que nós outros, adeptos do futebol moleque, provocamos inveja e revolta em adversários menos dotados de talento e em virtude disso somos caçados em campo. Não deu outra.
O.K. Acabou a parte engraçadinha do post; daqui pra frente relatarei tudo com fidelidade jornalística à verdade.
A contusão
O meu carrasco não alcançou um lançamento e a bola saiu pela linha de fundo (imaginária). Nisso ele ficou fora do campo e o time dele com um a menos, ou seja, era oportunidade de um contra-ataque pra gente. A bola ficou comigo e demorei algum tempo pensando pra quem lançar, e essa hesitação foi fatal.
Me preparo pra chutar a bola e de repente sinto dor. Muita dor. E quando dou fé tou no chão, esticado.
Foi tudo muito rápido e como recebi uma falta por trás, não sei direito o que houve. Helber viu e me disse que Ahlymo (esse é o nome da fera) pisou e puxou(?!) meu pé. O médico disse que não era normal um pisão fazer esse estrago. Eu acho que ele pisou quando eu estava tirando o pé do chão, e aí torceu.
Mas me precipito; falo mais da consulta adiante.
Bom, depois eu levanto e saio do "campo" mancando. Suo frio. A galera acha que não é grave e espera que eu volte a jogar. Eu, com o otimismo ingênuo que me é peculiar, falo que por enquanto não rolava mas ia esperar pra ver. Depois de alguns minutos desisto e volto pra casa (sorte que era perto) à Saci. Não antes sem ouvir um pedido de Helber: - Vai e traz água pra gente!
Em casa tomo banho e depois massageio o pé com gelo e uma coisa gosmenta chamada arnica. Falo pra minha mãe que, por precaução, seria melhor bater um raio-x.
Não tenho plano de saúde e após uma discussão a três com minha mãe e o taxista decidimos ir prum hospital novo em Mangabeira, cujo apelido tem um quê de humor negro: Trauminha.
Chego lá no intervalo entre os plantões dos ortopedistas. Seria lógico que um médico só abandonasse seu posto quando outro chegasse, mas parece que o SUS não reza pela cartilha da lógica. Uma menina na mesma situação que eu reclamou e a recepcionista respondeu que "aqui só a gente tem horário pra cumprir, eles não."
Enquanto isso eu tentava me distrair, alternando entre a TV no celular e Hollywood, não o cigarro, mas o romance de Bukowski.
O médico não usava jaleco e nenhuma peça de roupa branca. Tinha cara de frequentador assíduo da swingueira da Ponte Preta, se eu soubesse que cara tem quem frequenta a Ponte Preta, é claro.
A consulta
O funcionário me chama e eu entro na sala, dou boa-noite e o Dr. Amaro responde, sem me encarar:
- Não precisa fechar a porta.
Percebi ali que a consulta não ia ser longa. Ele me encarou com uma interrogação sobre a cabeça e eu o encarei de volta, com uma interrogação, exclamação reticências.
Mesmo tendo entrado ali arrastando o pé, ele ainda perguntou:
- Tem o quê?
Incrédulo, levanto o pé inchado e lho mostro.
Então ele me indicou o raio-x. O atendimento certamente não durou mais que um minuto e meio. Foi como um duelo de faroeste de Sergio Leone, demorado, arrastado e quando você menos espera tudo se resolve num puxar de gatilho. Aliás, Bastardos Inglórios também tem momentos assim.
Mas tergiverso.
Depois vem a espera pra tirar a radiografia. Com ela em mãos, percebo, no local que tava inchado, uma mancha branca parecida com um raio, mas ainda tinha esperança que não fosse grave. Mais uma fila pra mostrá-la a Dr. Amaro.
Quando volto à sala, tem um rapaz lá, que devia ser estudante de medicina, a quem Dr. Amaro estava explicando tudo que fazia. Não sei se por vaidade profissional, mas agora parecia outro médico, mais atencioso, falante etc. Quando me viu comentou jocosamente com o futuro ortopedista: "esse aí levou um bicudo de um colega". Claramente, como meus "colegas", ele achava que era algo sem importância. Mas foi só pegar a chapa e ver que não era bem assim.
- Tenho uma notícia boa pra tu: trinta dias sem botar o pé no chão. Pode ir engessar.
Não lembro o nome do osso. Mas foi esse aqui, em destaque:
E me deu o atestado, a receita do antiinflamatório e a ordem pra retornar... após o carnaval.
A rigor seria isso.
Ocorre que nós outros, adeptos do futebol moleque, provocamos inveja e revolta em adversários menos dotados de talento e em virtude disso somos caçados em campo. Não deu outra.
O.K. Acabou a parte engraçadinha do post; daqui pra frente relatarei tudo com fidelidade jornalística à verdade.
A contusão
O meu carrasco não alcançou um lançamento e a bola saiu pela linha de fundo (imaginária). Nisso ele ficou fora do campo e o time dele com um a menos, ou seja, era oportunidade de um contra-ataque pra gente. A bola ficou comigo e demorei algum tempo pensando pra quem lançar, e essa hesitação foi fatal.
Me preparo pra chutar a bola e de repente sinto dor. Muita dor. E quando dou fé tou no chão, esticado.
Foi tudo muito rápido e como recebi uma falta por trás, não sei direito o que houve. Helber viu e me disse que Ahlymo (esse é o nome da fera) pisou e puxou(?!) meu pé. O médico disse que não era normal um pisão fazer esse estrago. Eu acho que ele pisou quando eu estava tirando o pé do chão, e aí torceu.
Mas me precipito; falo mais da consulta adiante.
Bom, depois eu levanto e saio do "campo" mancando. Suo frio. A galera acha que não é grave e espera que eu volte a jogar. Eu, com o otimismo ingênuo que me é peculiar, falo que por enquanto não rolava mas ia esperar pra ver. Depois de alguns minutos desisto e volto pra casa (sorte que era perto) à Saci. Não antes sem ouvir um pedido de Helber: - Vai e traz água pra gente!
Em casa tomo banho e depois massageio o pé com gelo e uma coisa gosmenta chamada arnica. Falo pra minha mãe que, por precaução, seria melhor bater um raio-x.
Não tenho plano de saúde e após uma discussão a três com minha mãe e o taxista decidimos ir prum hospital novo em Mangabeira, cujo apelido tem um quê de humor negro: Trauminha.
Chego lá no intervalo entre os plantões dos ortopedistas. Seria lógico que um médico só abandonasse seu posto quando outro chegasse, mas parece que o SUS não reza pela cartilha da lógica. Uma menina na mesma situação que eu reclamou e a recepcionista respondeu que "aqui só a gente tem horário pra cumprir, eles não."
Enquanto isso eu tentava me distrair, alternando entre a TV no celular e Hollywood, não o cigarro, mas o romance de Bukowski.
O médico não usava jaleco e nenhuma peça de roupa branca. Tinha cara de frequentador assíduo da swingueira da Ponte Preta, se eu soubesse que cara tem quem frequenta a Ponte Preta, é claro.
A consulta
O funcionário me chama e eu entro na sala, dou boa-noite e o Dr. Amaro responde, sem me encarar:
- Não precisa fechar a porta.
Percebi ali que a consulta não ia ser longa. Ele me encarou com uma interrogação sobre a cabeça e eu o encarei de volta, com uma interrogação, exclamação reticências.
Mesmo tendo entrado ali arrastando o pé, ele ainda perguntou:
- Tem o quê?
Incrédulo, levanto o pé inchado e lho mostro.
Então ele me indicou o raio-x. O atendimento certamente não durou mais que um minuto e meio. Foi como um duelo de faroeste de Sergio Leone, demorado, arrastado e quando você menos espera tudo se resolve num puxar de gatilho. Aliás, Bastardos Inglórios também tem momentos assim.
Mas tergiverso.
Depois vem a espera pra tirar a radiografia. Com ela em mãos, percebo, no local que tava inchado, uma mancha branca parecida com um raio, mas ainda tinha esperança que não fosse grave. Mais uma fila pra mostrá-la a Dr. Amaro.
Quando volto à sala, tem um rapaz lá, que devia ser estudante de medicina, a quem Dr. Amaro estava explicando tudo que fazia. Não sei se por vaidade profissional, mas agora parecia outro médico, mais atencioso, falante etc. Quando me viu comentou jocosamente com o futuro ortopedista: "esse aí levou um bicudo de um colega". Claramente, como meus "colegas", ele achava que era algo sem importância. Mas foi só pegar a chapa e ver que não era bem assim.
- Tenho uma notícia boa pra tu: trinta dias sem botar o pé no chão. Pode ir engessar.
Não lembro o nome do osso. Mas foi esse aqui, em destaque:
E me deu o atestado, a receita do antiinflamatório e a ordem pra retornar... após o carnaval.
A rigor seria isso.
6.2.10
16.1.10
As pessoas seriam ainda mais bitoladas se não tivesse sido inventado o bloqueio a MSN, Orkut e afins no trabalho. Algum sociólogo visionário poderia fazer um estudo sério dos efeitos desse bloqueio para a Intelligentsia nacional (quiçá mundial).
No antediluviano 2003, quando estagiário do Sebrae, a falta do que fazer me levou a apelar pra leitura de jornais e foi assim que descobri os textos de Braulio Tavares no Jornal da Paraíba. Braulio publica essas colunas em seu blog, o qual ainda vai ser tombado como patrimônio cultural da humanidade.
Agora mais uma vez me vejo impedido de usar MSN, Orkut e afins e a saída é uma ronda pelos portais, como o R7, criado pela Record/Universal pra ser concorrente-gêmeo do G1. Ali descobri André Forastieri, que, soube depois, já foi da Set, editou a Bizz e atualmente aposta numa revista (de cinema, oh!) chamada Movie.
O primeiro post do cara que li comentava (e elogiava) Retalhos. Forastieri me convenceu não só a seguir lendo-o como a comprar a Graphic Novel - e não me arrependi, apesar de não ser (oficialmente) adolescente.
Em dezembro Papai Noel me trouxe, junto com a Piauí, um texto muito engraçado de André Czernobai, mais conhecido como Cardoso, uma minicelebridade da rede. Adivinha? Aproveitei as horas de ócio aqui no trampo pra fuçar os textos desse jornalista gaúcho até no nome (seu sobrenome se pronuncia "tchêrnobái").
E nessa eu cheguei até Gonzojornalismo: o filho bastardo do New Journalism , segundo seu autor a primeira monografia do país sobre o estilo criado por Hunter Thompson*. O texto é surpreendentemente leve, o que me lembrou algo que minha amiga Elisa falou sobre os trabalhos acadêmicos da Antropologia (a área dela), que, ao contrário da fama, seriam leituras agradáveis.
E é bom ler o trabalho do Capsdoso, principalmente pra quem se interesse por jornalismo e literatura.
Duvidam? Então talvez este trecho abra o apetite:
"A justificativa mais plausível para o uso de drogas no Gonzo Journalism nos remete ao legado deixado por Hunter Thompson, que abusava abertamente de álcool e drogas em grande quantidade e variedade. Logo nas primeiras páginas de Fear and Loathing in Las Vegas, ele descreve todo o material de trabalho que levava no porta-malas do carro:
Nós tínhamos duas bolsas de fumo, setenta e cinco botões de mescalina, cinco cartelas de ácido extremamente potente, um saleiro cheio até a metade de cocaína e toda uma galáxia de multi-coloridos estimulantes, tranquilizantes, gritantes, hilariantes... e também um quarto de tequila, um quarto de rum, uma caixa de Budweiser, cerca de um litro de éter e duas dúzias de nitrito de amila (1971, p.4)"
• Thompson escreveu Fear and Loathing in Las Vegas, que virou filme com Johnny Depp. O Gonzojornalismo é uma faceta do jornalismo literário em que o repórter/escritor se coloca como protagonista e não só como observador/registrador dos eventos. É uma radicalização do Novo Jornalismo. "Maiores informações" na Wikipédia ou comigo.
No antediluviano 2003, quando estagiário do Sebrae, a falta do que fazer me levou a apelar pra leitura de jornais e foi assim que descobri os textos de Braulio Tavares no Jornal da Paraíba. Braulio publica essas colunas em seu blog, o qual ainda vai ser tombado como patrimônio cultural da humanidade.
Agora mais uma vez me vejo impedido de usar MSN, Orkut e afins e a saída é uma ronda pelos portais, como o R7, criado pela Record/Universal pra ser concorrente-gêmeo do G1. Ali descobri André Forastieri, que, soube depois, já foi da Set, editou a Bizz e atualmente aposta numa revista (de cinema, oh!) chamada Movie.
O primeiro post do cara que li comentava (e elogiava) Retalhos. Forastieri me convenceu não só a seguir lendo-o como a comprar a Graphic Novel - e não me arrependi, apesar de não ser (oficialmente) adolescente.
Em dezembro Papai Noel me trouxe, junto com a Piauí, um texto muito engraçado de André Czernobai, mais conhecido como Cardoso, uma minicelebridade da rede. Adivinha? Aproveitei as horas de ócio aqui no trampo pra fuçar os textos desse jornalista gaúcho até no nome (seu sobrenome se pronuncia "tchêrnobái").
E nessa eu cheguei até Gonzojornalismo: o filho bastardo do New Journalism , segundo seu autor a primeira monografia do país sobre o estilo criado por Hunter Thompson*. O texto é surpreendentemente leve, o que me lembrou algo que minha amiga Elisa falou sobre os trabalhos acadêmicos da Antropologia (a área dela), que, ao contrário da fama, seriam leituras agradáveis.
E é bom ler o trabalho do Capsdoso, principalmente pra quem se interesse por jornalismo e literatura.
Duvidam? Então talvez este trecho abra o apetite:
"A justificativa mais plausível para o uso de drogas no Gonzo Journalism nos remete ao legado deixado por Hunter Thompson, que abusava abertamente de álcool e drogas em grande quantidade e variedade. Logo nas primeiras páginas de Fear and Loathing in Las Vegas, ele descreve todo o material de trabalho que levava no porta-malas do carro:
Nós tínhamos duas bolsas de fumo, setenta e cinco botões de mescalina, cinco cartelas de ácido extremamente potente, um saleiro cheio até a metade de cocaína e toda uma galáxia de multi-coloridos estimulantes, tranquilizantes, gritantes, hilariantes... e também um quarto de tequila, um quarto de rum, uma caixa de Budweiser, cerca de um litro de éter e duas dúzias de nitrito de amila (1971, p.4)"
• Thompson escreveu Fear and Loathing in Las Vegas, que virou filme com Johnny Depp. O Gonzojornalismo é uma faceta do jornalismo literário em que o repórter/escritor se coloca como protagonista e não só como observador/registrador dos eventos. É uma radicalização do Novo Jornalismo. "Maiores informações" na Wikipédia ou comigo.
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